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O ALFAIATE

A chuva fina molhava a calçada diante da velha alfaiataria de Maurice Bertrandt, um homem de mãos firmes e olhos cansados, conhecido por vestir os homens da mafia mais perigosos da italia.
Naquela manhã estranhamente silenciosa, uma batida seca soa na porta de madeira. Maurice hesita, mas ao olhar pelo olho mágico, o sangue congela em suas veias. Do lado de fora, está sua esposa, com os olhos arregalados e a filha de seis anos encolhida em seus braços, assustada.
Atrás delas, o brutamontes Antonio, com a mão enorme agarrando o pescoço da mulher, como se segurasse uma flor prestes a ser esmagada.
Maurice abre a porta. Imediatamente, elas são empurradas para dentro, e Frantchesco Bergolinni o chefao sa mafia entra em seguida
Era um homem rechonchudo eoesado, vestindo um terno vinho, com o ar de um javali faminto e cruel. Ele sorri, devagar, como quem saboreia o medo alheio.


A porta se fecha a porta atrás deles com um estalo surdo.
Bergolinni se aproxima de Maurice, arrastando os pés.

— Maurice... Maurice... Você costura ternos para mim a muitos anos, mas costurou palavras para os ratos, nao foi?

— Eu não fiz nada. Não sei do que está falando.

Bergolinni balança a cabeça devagar.

— Se não foi você... então quem entregou o carregamento? Quem deu com a língua nos dentes para a polícia?

— Eu não sei de nada. Pelo amor de Deus, Frantchesco... minha familia tá aqui...

Bergolinni ri, seco.

— E é exatamente por isso que você ainda tá respirando. Porque ela está aqui. Mas se não falar... se continuar bancando o ingênuo...

Ele se vira para Antonio com frieza:

— Se ele continuar mentindo... Antonio vai quebrar o pescoço de sua esposa como galhos de uma rosa bem devagar. E depois a menina. Na frente na sua frente.

— quem foi então? Diga!

Chefão acerta uma bofetada com as costas da mao roliça cheia de aneis.
Maurice treme e cai sentado na poltrona de couro, sem forças.

— Pelo amor de Deus... eu não sei! Eu juro!

O chefão avança, segura Maurice pelo colarinho e o joga sobre a mesa de costura. E então, diante dos olhos da esposa e da filha, liga a.maquina de costura, costurando lentamente a membrana entre o polegar e o indicador de Maurice.

Maurice grita, contorce-se de dor.

— Fala, malandro. Quem foi?!
— Eu não sei! Eu juro!

Bergolinni saca uma pistola e se volta para a esposa.

— Então ela morre no 3.
— Um...

Maurice grita:

NÃO! POR FAVOR! EU JURO QUE NÃO FOI EU!

— Dois...

A esposa chora, os olhos fixos no marido.

EU NÃO SEI! EU JURO!

— Três.

POW.

Um único tiro ecoa pela alfaiataria.

O chefão cambaleia com um buraco sangrento no meio da testa, e cai como um saco de esgerco no chão de madeira.

Antonio, ainda segurando a esposa de Maurice, guarda a arma no terno.

Maurice, em choque, encara o gigante.

— Você... você matou ele...

Antonio se aproxima, agora calmo.

— Eu sei que não foi você, Maurice.

— Como... como você sabe?!

— Porque fui eu.

O alfaiate o encara, ainda atordoado.

Antonio completa, em voz baixa:

— Agora, Preciso de um terno. Especial.

Maurice engole em seco, olha para as mãos feridas.

— Está bem. Eu faço.

Antonio leva a mão ao ouvido, ativando um pequeno comunicador no colarinho:

— Oliver alfandari para QG. Tubarão leitoa morto. Agulha e linha livres. Podem agir.

Um carro vira nos buscar em breve, arruma suas coisas.

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