Pular para o conteúdo principal

O DESASTRE ESQUECIDO:

Me diga se isto lhe parece familiar: oculto pela escuridão da noite, subitamente, uma presença surge ao lado de sua cama, algo que aparenta ser algo ainda mais escuro do que a própria noite. Esta presença exala maldade, ela maquina o seu mal, de tal forma, que suas intenções perturbam lhe o sono, fazendo-o (a) acordar. Imediatamente o coração acelera seus batimentos e um sentimento nos toma conta, não é apenas medo do desconhecido, mas um terror de algo real, “ele” está ali, ao seu lado, sobre ti. Se poderia vê-lo se as luzes forem acesas?
É claro que não. Mas, mesmo acesas, ele ainda está lá, você sabe e, ainda levarão alguns instantes para que “isto”, desista do que planejava fazer e vá embora. Toda esta situação lhe parece familiar?
Entretanto, toda esta experiência pode ser chamada, até mesmo de, comum, diante daquilo que presenciei: já faz alguns anos, e era dia claro, sequer estive cochilado, não, é impossível que tenha sido um simples sonho ou um pesadelo, mas, se assim fosse, teria então de ser, um daqueles sonhos tão assustadoramente reais, que nem Sigmund Freud explicaria sua origem, é por isso que (antecipando suas perguntas) me custa a acreditar que seja um mero sonho, não pode ter sido.
Naquele dia, o Sol brilhava intensamente, fazia muito calor e era como que três ou quatro da tarde, o que contrastou com a súbita escuridão que se abateu sobre esta cidade. Me pareceu que toda a umidade do local, de repente, subiu ao céu. O ar seco que se respirava devia ser semelhante ao que se encontra nos desertos. Em instantes, pesadas nuvens escuras se formaram com a umidade que subira e, como se fosse uma noite viva e verdadeiramente escura, às nuvens sobrepujaram o Sol, e quanto mais escurecia, mais me parecia que as coisas ficavam pesadas. Como se a consciência aos poucos, me fosse roubada, absolutamente tudo parecia adormecer, notando algo estranho, lutei para não cair no sono e, quanto mais escurecia, mais difícil era permanecer desperto. Foi quando, nessa luta entre consciência e inconsciência, algo me despertou completamente, uma sensação muito familiar, vinda de uma presença escura e aterradora, mas não era apenas uma desta vez, na verdade, senti como se inúmeras figuras perturbadoras corressem na mesma direção; algumas eram pálidas como a lua; e haviam silhuetas pálidas e silhuetas escuras que emanavam temor, embora eu não as visse, sabia que continuavam a correr na mesma direção. Busquei olhar mais adiante, para conhecer o objetivo que buscavam alcançar, mas algo ainda mais aterrorizante chamou minha atenção, quando a imensa figura pálida passou por sobre minha casa, como se caminhasse lentamente, infelizmente, não tenho forças para descrever o que era aquela coisa gigantesca, a qual, não vi com os olhos, mas, de alguma forma, conheci seu formato.
Levou algum tempo para que o pânico que senti com a passagem da coisa, desaparecesse, e foi apenas quando um pequeno brilho, semelhante a um flash de uma explosão, irrompeu a escuridão, que meu terror começou a diminuir. Em seguida, vários e vários estalos luminosos foram cortando o espaço, e quanto mais ocorriam, mais meu temor diminuía.
Não tenho ideia alguma do que estava ocorrendo, quem sabe, uma batalha entre seres dimensionais, alienígenas, ou mesmo, fantasmas, a qual, as figuras de antes se reuniram para assistir.
Busquei me aproximar um pouco da fonte dos brilhos, caminhando em direção a uma pracinha da cidade, que se encontrava a cinco quarteirões de minha casa, direção onde também, era possível observar uma multidão, mas não de pessoas, me pareciam muito mais sombras com formas humanas, e eu só conseguia divisá-las da escuridão, graças as explosões de luz que surgiam, como relâmpagos na noite. Eu os vi, com alturas variadas, desde silhuetas pequenas, até gigantes que se reuniam como uma plateia diante de um círculo negro, era como uma cúpula enorme e, de dentro dela, a luz, dispersa em fracas explosões tentava combater a noite, mas, a cada retomada da escuridão após um flash, o temor retornava a mim, então, voltei a me afastar para a segurança de minha casa e a observar de longe o evento surreal.
Poucos minutos depois, meu coração bateu tão forte, que me parecia querer saltar pela garganta, no mesmo instante que as sombras me pareceram comemorar, como se aquilo que observavam na escura cúpula lhes causasse prazer e, de súbito, um terrível estrondo se produziu, uma explosão, o chão tremeu violentamente, senti a vibração de milhares de objetos sendo atirados ao chão dentro das casas ao redor, foi como se um tipo de vento tivesse passado por mim, levando diversos objetos que estavam eu seu caminho, certamente até os carros estacionados no fim da rua foram arrebatados por ele.
O som do vento, que agora soprava ao ter o ar agitado pelo que quer que tenha passado, me fez pensar que o chão na rua a minha frente, havia se tornado numa tremenda cratera. Me lembro de ter pensado se tratar de um míssil, um ataque, ou qualquer coisa que remetesse ao início de um conflito mundial. Mas, tudo ainda estava tão escuro como se fosse noite, e depois do terrível estrondo, tudo silenciou. Olhei adiante e soube que as sombras ainda estavam lá, até mesmo a cúpula escura que sobrepujava o breu do fim da rua, estava lá ainda. Porém, outra coisa me chamou atenção, pois, havia um brilho, ainda que este fosse diferente das luzes que explodiram anteriormente, desta vez o brilho vinha do fundo do abismo, era como se o fundo dele estivesse forrado de cristais, que irradiavam uma fraquíssima luz, mas, ainda assim, bem visível na total escuridão.
A luz dos cristais arrebatou minha atenção de tal forma, que para mim, não existia mais nada no mundo, nem mesmo aquela situação sobrenatural, apenas, aqueles cristais, tão lindos e hipnotizantes que, acho que minha fascinação por eles seria a mesma que aquela de Sméagol pelo Um Anel, certamente, devia ser o que parecia. Até que, dei por mim, e toda a cena desaparecera, avós meu amigo me chamou e o Sol voltou a queimar minha pele, foi um sonho?
Não, não é verdade, foi real, eu vi tudo aqui, tão real quanto este teclado é sob as pontas de meus dedos, não posso ter sido o único a ver, não pode ter sido a única vez, simplesmente, NÃO PODE!
É por isto que estou escrevendo isto, para, ao mesmo tempo que permaneço anônimo, compartilhar o que vi, na esperança de que minhas palavras cheguem até alguém mais que tenha assistido aquela conflito sobrenatural…

Comentários

RECOMENDADOS:

COMO É O INFERNO?

Falar sobre o inferno simplesmente não deixa de ser um assunto interessante (bem… digo isso na falta de palavras mais “adequadas”…) este não é descrito unicamente na Bíblia Cristã, diversas outras religiões e mitologias ao redor do mundo possuem sua própria “versão” do inferno com particularidades e semelhanças que são notáveis. Contudo, este artigo não se destina a compará-lo nos mais diversos cenários, mas sim compartilhar alguns relatos escolhidos a dedo que são (a meu ver) bastante relevantes e/ou interessantes, portanto merecem, ao menos, serem conhecidos. Pintura portuguesa a óleo sobre madeira, datada entre 1510 e 1520, seu verdadeiro autor é desconhecido, mas teria sido encomendada e guardada no Convento de São Bento da Saúde. Eu recomendaria iniciarmos nossa viagem falando sobre o Inferno de Dante, porém, sobre isso acabei discorrendo num outro projeto aqui do Blog (e não pretendo revisar e “relançar” todo o texto), que basicamente é uma revista virtual sobre animes, games e c...