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CAPÍTULO 25 – O VERDADEIRO INIMIGO. (RASCUNHO)

Já era noite e apesar de nossas visões totalmente opostas, que pareceriam a espectadores até uma briga, ela insistia, mexendo muito em seus cabelos negros e bem próxima a mim, para que eu não fosse para casa e, na verdade, eu também não tinha nenhuma vontade de ir; já havíamos feito muitas coisas juntos naquele dia: lido meu livro; assistido um pouco de TV; e até caminhado até a praça de frente ao dojo e voltado, conversando todo o tempo, e apesar de desejar muito isso, nada falei sobre o Mundo Acima das Estrelas e o assunto agora eram as coisas espirituais, o que, apesar de demonstrar ser contrária a tudo o que dizia, ela não parava de me perguntar sobre o assunto, não sei ao certo se fazia isso para conhecer meus pensamentos, ou apenas para me fazer sentir que se importava comigo e com o que penso.
Se antes, tanto havíamos falado a respeito de Salvação, restava a ela agora me questionar sobre aquele que traz a perdição, então falei:
– Veja só a Fênix de meu livro, ela de fato, agiu imitado o inimigo de Deus e foi apenas por ser um ser material livre, que uma intervenção Divina direta não caiu sobre a mesma, pois possuía o livre arbítrio.
– Então você a criou baseada nele Vaniel?
– É, acho que posso lhe dizer que sim, e também digo que ela executava seu plano com ainda mais maestria que o inimigo executa o seu!
Lilian pareceu fascinada neste momento, a mesma fascinação que houvera mostrado por meu livro mais cedo, então, se afastando de mim, ela perguntou:
–Mas se o diabo é inimigo de Deus, por que ele castiga aqueles que não seguem a Deus?
– Na verdade – respondi – o castigo que aguarda os ímpios, virá da parte do próprio Deus, e não do inimigo. Não crê que Aquele que lhe criou, e a tudo quanto existe, assim como ar de seus pulmões e até essa comida que estamos comendo agora, não merece sua adoração?
– Se aquilo que Ele tem para nós é muito melhor do que tudo quanto possa existir abaixo dos céus, qual deveria ser o salário da repudia a Deus?
Foi com certa entonação de deboche que ela me respondeu:
– Hora, a danação ETERNA!
– O inferno não é eterno Lilian. – falei.

WILLIAM LANE CRAIG – “…se alguém comete uma quantidade infinita de pecados, a soma de todos os pecados mereceria realmente punição eterna. É óbvio que ninguém comete um número infinito de pecados na sua vida terrena. Mas ocorreu-me que, na vida além, seria possível cometer, ao menos potencialmente, infinitamente mais pecados, basta que se continue pecando para sempre. E quando se pensa nos condenados que estão no inferno, não é jamais implausível imaginar que eles, de fato, continuam a pecar. Em vez de se arrependerem, tornam-se ainda mais implacáveis no ódio e na rejeição que sentem contra Deus.”

– O profeta já disse que:

“Todos nós sabemos que a segunda morte é o lago de fogo. Apocalipse 20:14, ‘E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo; esta é a segunda morte.’ Naturalmente significa que todos que estavam nele, foram lançados no lago de fogo. Pois bem, eu quero expor algo para você aqui. Isto sem dúvida levará as pessoas a comentarem sobre minha estranha doutrina. Porém eu sustento aqui na autoridade da Palavra de Deus e nego que o incrédulo vá para um inferno eterno e fique queimando ali eternamente. Em primeiro lugar, inferno, ou lago de fogo, ou o que quer que você chame isto, não é eterno. Como pode sê-lo se teve um começo? Em Mateus 25:41, diz que ‘o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos.’ Ora, se ele foi preparado, então ele não é sem princípio. Se teve um princípio então não pode ser eterno. Naturalmente talvez você tropece quanto à ideia da palavra ‘eterno.’ Mas esta palavra significa ‘das eras às eras.’ E tem um significado diferente atribuído a ela. Em I Samuel 3:13 – 14, Deus disse a Samuel que Ele ia julgar a casa de Eli para sempre, e que ele não mais ofereceria sacrifícios ‘perpétuos’ como Seu sacerdote. E em II Reis 2:27, Salomão expulsou os últimos descendentes de Eli do sacerdócio. Isto foi passado cerca de quatro gerações ou mais. Ora, você pode ver que ‘perene’ não se compara com o que é ‘eterno’, ou aquilo que não teve princípio ou fim. Aqui neste caso a palavra perene significa ‘Até ao ponto de extermínio’. Isto foi o que aconteceu. Eles se desvaneceram.”

O inferno que antecede a verdadeira segunda morte não passa de uma sala de espera para aqueles que aguardam a condenação final. É lógico de se pensar que, aquele que seja trancafiado neste lugar abarrotada de assassinos e demônios deverá esperar ser torturado e abusado das mais variadas maneiras, mas não em punição, senão em espetáculo aos “lideres” do lugar, tal qual Mary Kay Baxter.
– E existe algum motivo real – perguntou ela – para que os demônios queiram nossas almas?
– Sim, há sim – respondi – a meu ver, eles querem fazer exatamente o mesmo que fez Excalibur.
– Eles querem criar um Reino de Cristal na Terra?
Ri brevemente de sua pergunta, mas depois falei:
– Acho que tenho de te explicar minha própria teoria sobre isso primeiro…
Primeiro temos de ter em mente, assim como em assuntos anteriores, que podem haver diferentes formas de classificar/nomear as mesmas coisas, por exemplo, a angeologia Cristã os divide em nove classes distintas, enquanto que no Judaísmo temos dez classes, já no Islamismo não há uma classificação tão detalhada assim, sendo as vezes divididos apenas entre anjos e arcanjos; assim também ocorre com a demonologia, mas mesmo que raças, classes e postos possam ser discutidos de doutrina para doutrina, nesse caso tomemos apenas a visão do Cristianismo, nela, podemos afirmar que existiram três ocasiões em que foram formados demônios, sendo a primeira a rebelião de Lúcifer, que atraiu para si um terço das hostes angélicas.

APOCALIPSE 12:3 – “E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.”
APOCALIPSE 12:4 – “E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.”
APOCALIPSE 12:7 – “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;”
APOCALIPSE 12:8 – “Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.”
APOCALIPSE 12:9 – “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” (Almeida Corrigida Fiel)

Em seguida temos aqueles que são chamados de anjos caídos, onde alguns lideres e seus seguidores, cerca de duzentos anjos, desceram a Terra ao verem que lá haviam belas mulheres:

Gênesis 6:2 - “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” (Almeida Corrigida Fiel)

I Enoque 1:1 – “E aconteceu depois que os filhos dos homens se multiplicaram naqueles dias, nasceram-lhe filhas, elegantes e belas.”
I Enoque 1:2 - “E quando os anjos, os filhos dos céus, viram-nas, enamoraram-se delas, dizendo uns para os outros: Vinde, selecionemos para nós mesmos esposas da progênie dos homens, e geremos filhos.”

Então chegamos a terceira ocasião onde foram “criados” demônios:

Gênesis 6:4 - “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.”

Frequentemente a palavra gigantes substitui a palavra nefilim nas traduções atuais das escrituras, estes são os filhos resultantes da união entre anjos e mulheres, são também os seres mitológicos das mais variadas formas e tamanhos relatados pelas lendas de todo o mundo, mas na condição de “não-criações de Deus”, lhes foi reservado um destino terrível:

I Enoque 1:15 - “A habitação dos espíritos do céu será no céu, mas sobre a terra estará a habitação dos espíritos terrestres, os quais são nascidos na terra.
I Enoque 1:16 - “Os espíritos dos gigantes serão semelhantes às nuvens, os quais oprimem, corrompem, caem, contendem e confundem sobre a terra.”
I Enoque 1:17 - “Eles causarão lamentação. Nenhuma comida eles comerão; e terão sede; eles se esconderão e não se levantarão contra os filhos dos homens, e contra as mulheres; pois eles virão durante os dias da matança e da destruição.”

Desprovidos de seus corpos após suas mortes durante o diluvio, seus espíritos permanecem na terra sentindo fome e sede, mas frequentemente são alimentados em rituais/oferendas de diversas religiões pagãs pelo mundo.
– Terminadas as explicações de quem são, vou falar agora do que imagino ser seu objetivo, entretanto, não sei se este se refere a todos os três tipos de demônios, quem sabe apenas ao primeiro grupo deles, enquanto que o segundo permanece sem uma resposta clara, mas, mesmo assim, é isso o que penso:
Existe um caso que tem circulado pela internet, apelidado de, “O anjo caído que deseja o perdão”, em que supostamente, uma mulher teria sido possuída por um demônio e um pregador foi chamado para socorrê-la, contudo, no ato da expulsão, o espírito começou a se lamentar pelas escolhas que fizera a milhares de anos, e pela atual condição decorrente delas, obrigado a atormentar os homens e fazê-los pecar, por ordens de Lúcifer; o pregador então fez-lhe algumas perguntas e suas respostas foram simplesmente assombrosas: alegou chamar-se Anaina, e lamentou inúmeras vezes:

– “Ele (Deus) não me perdoará!”
– “Ele (Deus) não me perdoará!”

Também declarou ódio contra os humanos, devido a nossa possibilidade de salvação, assim como disse temer a dor, antes desconhecida, imposta por aquele que em suas próprias palavras agoniadas:

– “Tem muito poder sobre mim (demônio)”.
– “Não devia tê-lo seguido (Lúcifer)!”

Supõe-se que eles fazem o que fazem, pois, tendo sua queda e destino já selados, sem oportunidade de perdão, desejam levar tantos quanto conseguirem consigo, deixando uma marca negra na Obra de Deus visível pela eternidade, mas, na verdade, todo o elaborado intento do inimigo, pode ser muito mais que uma simples retaliação fadada ao fracasso, é na verdade, uma real tentativa de depor Deus de Seu trono.

Apocalipse 20:9 - “E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou.”

Estando no livro de Apocalipse, é certo que este acontecimento encontra-se no futuro, e provavelmente seja exatamente para este momento e propósito, que satanás seduz as almas humanas!
– Mas que uso teria ele para as almas humanas? – perguntou ela.
– Provavelmente ele deseje realizar algo semelhante ao que é descrito na gnose – respondi – para enfim subir em oposição a Deus.
– O que é gnose, Vaniel?
É inegável que eles (Lúcifer e seus subordinados), tenham deturpado e criado inúmeras religiões, a fim de, sufocar a verdade, apresentando todo um leque de opções em armadilha disfarçadas de salvação e nada questiona e esclarece melhor tal conceito, do que um dos conceitos do que é chamado de gnose: vinda do Grego, significa, conhecimento/sabedoria, porém, é preciso atentar para o fato de que, existem várias gnoses diferentes, ou seja, várias ideias e interpretações diferentes a cerca do assunto, geralmente embasadas em determinados apócrifos, mas para este raciocínio, tomemos como base, aquela chamada de, gnose primordial, descrita no livro, “A Religião Proibida3”, de José Maria Herrou Aragón4. Segundo esta ideia, Deus (o qual conhecemos dentro do Cristianismo) seria chamado de Demiurgo (Criador em grego), entretanto, este deus, apresentado na gnose, é débil e incompetente, ele teria criado o mundo material baseando-se num Mundo Incognoscível, criado por um Deus Incognoscível; seriam este Mundo e este Deus, o real universo e o Verdadeiro Deus, sendo desta forma, Demiurgo um, deus menor, que tenta imitar aquilo que foi criado pelo Deus Incognoscível. Segundo este pensamento a matéria (todo o universo e seres que habitam nele), é má, é satânica, e fora criada como um grande experimento evolucionário, com um propósito sinistro. Mas Demiurgo, haveria percebido que suas criações inferiores (as do Deus Incognoscível), evoluem muito devagar, levando muito mais que milhões de anos para fazê-lo, então ele teria tomado a força, algo do Universo Incognoscível para impulsionar a evolução de seu próprio universo inferior.
Ao contrário de nosso mundo material, criado por Demiurgo, o mundo do deus maior, seria, assim como ele mesmo, totalmente espiritual e “não-criado”, e lá habitam com ele, os espíritos não-criados, aos quais, Demiurgo teria sequestrado e usado para impulsionar sua própria criação inferior. Estes tais espíritos não-criados, seriamos nós humanos, nossos espíritos melhor dizendo, ou seja, fomos roubados do verdadeiro criador e em seguida algemados a alma e ao corpo, criados por Demiurgo.
O motivo pelo qual, o deus incognoscível não interfere em nosso Mundo, é que sua pureza, não tolera a imundice da matéria, tanto que se adentrasse nossa impureza criado por Demiurgo, sua luz ofuscaria (destruiria) toda a maldade, disfarçada de luz disseminada aqui, e nós humanos, se não fossemos totalmente aniquilados por sua presença benigna e sem macula, seriamos cegados e imersos numa noite terrível.
Dessa forma, a maldade do deus criador inferior, se tornaria a luz do mundo, ao passo que a luz do deus verdadeiro, apenas pelo fato de se chocar com o impuro, o destrói, portanto seria vista como inimiga do mundo, confundindo-se com trevas e maldade, logo, deus incognoscível é totalmente impossível de ser conhecido e visto por nós enquanto ainda estamos presos neste mundo, seria um deus inalcançável a nós, mas puro e bom, e não haveria de nos deixar sozinhos presos a matéria e subjugados por um deus inferior maligno, por essa razão é que mandou Lúcifer, o anjo de fogo, que tentou libertar o espírito não-criado do homem. Contudo, encontrando-se ele, um espírito de fogo e totalmente puro, num universo inteiro formado de perversidade e deturpação, não teria uma boa aparência, não, antes ele seria a perfeita imagem do sofrimento e raiva pela imundice a qual adentrou. Seu inimigo (do anjo de fogo) seria tudo o que foi criado, e seu objetivo obviamente seria destruir a criação, que segundo o pensamento gnóstico, é uma abominação e deve ser expurgada para a libertação dos espíritos não-criados. Todavia, estando o anjo salvador do deus incognoscível, no território do inimigo, se encontrava em clara desvantagem, então sua missão acabou desvirtuada e ele mesmo fora transformado no vilão da história, em outras palavras: para a Gnose, o deus criador é mal, todo o universo é uma perversão; Lúcifer seria um enviado do Deus Verdadeiro, para salvar nossos espíritos, mas seus papéis foram trocados nas religiões apresentadas aos homens, para que assim, Demiurgo mantivesse o controle sobre eles.
O deus criador inferior também teria se aproveitado do “boato” de um mundo superior, ou seja, o mundo do deus incognoscível, para criar a ilusão de um paraíso após a morte, assim ele perverteu todas as religiões e verdades dadas aos homens, para uma mentira, a fim de deixar seus espíritos não-criados aprisionados e inconscientes, impulsionando a evolução de sua criação inferior.
– Mas qual é então, o objetivo de Demiurgo, por que ele vai tão longe assim?
A alma (entenda-a como nossa mente), criada por Demiurgo, foi algemada ao espírito não-criado, em seguida foram ambas trancafiadas num corpo físico, também criado por ele; toda vez que um corpo material morre (pois este é apenas matéria inútil) o espírito prezo a alma, retorna a Demiurgo, depois disso, ele os encaminha a um novo corpo, criando um ciclo de vida, morte e reencarnações indefinidas. Nesse processo, a alma criada por Demiurgo é impulsionada pelo espírito não-criado, o que gera a própria lei da evolução das espécies e, por consequência, aperfeiçoa-a cada vez mais e daqui a, talvez, “bilhões de bilhões de anos”, o espírito não-criado seja finalmente liberto, deixando para trás uma totalmente evoluída e equiparada a ele (ao espírito não-criado), porém, como sendo a alma, parte do Demiurgo, esta retornaria a ele, tornando-o um deus melhor no processo. Nesse sentido, é curioso também relembrar as palavras do profeta:

BRANHAM, William Marrion – Mensagem: A Semente da Serpente – 28 de Setembro de 1958 – “Agora, observe a serpente. Esta serpente que era primeiro. Vamos desenhar um quadro dele agora. Ele é um grande sujeito. Ele está entre o chimpanzé e o homem. A serpente, o diabo, Lúcifer, sabia que aquele era o único sangue que misturaria com este sangue humano. A única pessoa com a qual ele poderia tratar. Ele não poderia tratar com o chimpanzé. Aquele sangue não misturaria. Ele não podia tratar com coisas diferentes. Ele não podia tratar com a ovelha. Ele não podia tratar com um cavalo. Ele não podia tratar com nenhum animal. Ele tinha que tratar com esta serpente.”
“Vamos apanhá-lo agora e vermos com que ele parece: Um grande sujeito, um gigante pré-histórico. É ali onde eles encontram estes grandes ossos, e eu vou te mostrar isto na Bíblia. Agora ouçam atentamente. Este grande sujeito… digamos que ele tinha dez pés (aproximadamente três metros e meio) de altura. Grandes ombros, parecia exatamente com um homem. E seu sangue, depois de descer, coincidiu com o dos outros animais.”
“Você pode cruzar animais. Eles continuam tendo sangue superior, uma forma de vida superior, uma forma superior, até que chega ao estado do homem. Mas a última conexão aqui foi cortada. Quantos sabem que a ciência não pode encontrar o elo perdido? Todos vocês sabem disto. Por que? Aqui está. A serpente.”
“Aqui estava um grande sujeito. E o diabo desceu. Ele diz, ‘Eu não posso inspirar.’ Agora quando você vai pela aparência das mulheres e ações das mulheres recorde que você está ungido pelo diabo se não é a sua própria esposa: Agora o diabo desceu e entrou na serpente e ele encontrou a Eva no Jardim do Éden nua. E isto fala a respeito do fruto no ‘meio’ e ‘meio’ significa centro e assim por diante. Vocês compreendem em uma congregação mista. E ele disse agradável bom aos olhos.”
“O que ele fez? Ele começou a fazer amor com Eva. Ele viveu com ela como um marido. E ela viu que isto era agradável então ela foi e falou com o seu marido mas ela já estava grávida de Satanás. E ela trouxe o seu primeiro filho o qual o seu nome era Caim o filho de Satanás.”
“’Agora,’ você diz, ‘Isto é errado.’ Está bem nós logo descobriremos se está errado ou não. ‘E porei inimizade entre tua semente e a semente da serpente.’ (Gên. 3:15) O quê? A semente da serpente. Ela tinha uma semente e ele tinha uma semente. ‘E lhe ferirá tua cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.’ Ferir significa fazer uma redenção.”
“Agora aí está a tua semente da serpente! Agora observe aqui vem estes dois homens.”

– Essa serpente, é o que chamam por aí de “reptiliana” Vaniel?
– Já ouvi falar sobre isso, aliás, foi você quem me contou um pouco sobre o assunto, mas sempre achei tudo isso um monte de besteiras!
A serpente (em sua forma original) apenas foi usada, usada para misturar seus genes aos do homem, mas qual seria a evidência disto?
Segundo nos diz a teoria da evolução (a mesma evolução que Demiurgo usaria dentro da gnose e de outras religiões), a vida constantemente se transforma, tendo se iniciado de meras cadeias moléculas primitivas imersas numa sopa primordial dentro dos oceanos, tais moléculas teriam sido formadas pela oportuna interferência de raios e radiação, depois foram se agrupando e dando origem a estruturas mais complexos que “magicamente” adquiriram vida própria; mais tarde, estes seres teriam se arrastado para fora dos oceanos e dado origem a toda uma gama de diferentes espécias; e foi então que, num certo ponto, nossos (supostos) ancestrais teriam também os se ramificado em aves e répteis e, a fim de, afirmar esta hipótese, de que descendemos não só de macacos, mas também de répteis e antes disso, dos peixes, destaca-se a existência do saco vitelínico no útero das mulheres humanas; esta formação não é outra coisa senão a gema de um ovo (seja ele réptil ou de aves) que alimenta o feto, entretanto, nos mamíferos, a evolução encontrou um outro meio através do cordão umbilical, o que fez com que o saco vitelínico se atrofiasse e deixasse de produzir gema, restando nos humanos nada mais do que um órgão inútil e que simplesmente não deveria estar lá!
Então a pergunta que se deve fazer é: se fomos criados a imagem e semelhança de Deus, por que há nos humanos um traço de réptil?
Não seria esta, uma prova da contaminação da serpente para com a raça humana?
E depois de analisar tudo isso, simplesmente não tenho como não tentar ligar os pontos, seria possível que: da mesma forma que o Demiurgo descrito na gnose, que retorna para si a alma humana para se fortalecer, satanás também teria um uso semelhante para as almas contaminadas e arruinados por ele, mas que, ainda assim, carregam parte do Criador em si?
Quem sabe para alimentar-se, ou talvez até para incorporá-las em algum tipo de arma que sequer posso imaginar, e assim chegar ao ponto de “ser capaz” de confrontar Deus, assim como é explicitamente dito em Apocalipse!
Admirada com todas as minhas hipóteses e teorias, Lilith exclamou:
– Ainda não acredito nisso, mas devo admitir que faz mais sentido, do que o que dizer sobre ele (diabo), que tenta destruir a humanidade, simplesmente por destruir, apenas por ódio e sem um verdadeiro objetivo.
Até mesmo o demônio, Anaina, em meio aos seus lamentos também disse:

– “Ele (lúcifer) só nos disse que… íamos prevalecer sobe Ele (Deus), que íamos ser maiores que Ele (Deus), ele nos disse…”

Mas o que receberam pela arrogância, foi uma terrível punição, e agora, ainda mais do que por simples arrogância, não tentaria ele (satanás) uma vez mais, se opor ao Senhor por ódio e vingança arruinando cada um de Seus filhos?
Dentro da gnose, é dito que Demiurgo não pode permitir que um único espírito não-criado se liberte, pois isto minaria seu poder e frustraria seus planos, por esta razão ele apresenta mentiras e distrações ao homem para mantê-lo dormente.

– “Ele quer todo o mundo”! – repetiu o demônio, mas quanto a Lilith, esta me dizia:

– Ao menos posso parabenizá-lo por sua incrível imaginação, digna de um grande escritor, Vaniel.

A noite avançou bruscamente sem que percebêssemos a passagem do tempo devido a nossa conversa, sentados a mesa que, querendo ou não, estava nos aproximando mais um do outro, tal qual não eramos mais a anos, desde nossa infância em que brincávamos de cavaleiros e dragões; havia também o desejo que eu tinha de não retornar para casa de meus familiares, de nunca mais voltar pra lá e por conta disso tudo, o piscar estranho das luzes nada me causava, nem a sensação curiosa que se espalhava pelo ar e que a garota parecia não perceber, talvez fosse meramente algum reflexo de minha recente condição de uma existência pouco superior à da dimensão material, mas nada disso me importou mais do que o momento que estávamos tendo, tampouco a ela importava qualquer outra coisa, estávamos juntos, passamos a noite juntos. A noite porém, passou num piscar de olhos e, sem perceber, fui apanhado num rápido cochilo o que me fez mergulhar num pesadelo tão terrível como aqueles que já houvera tido antes de entender sobre a criação, algo que, estranhamente, a companhia de Lilith pareceu alimentar; me vi novamente no momento em que fui morto por Starwish, cercado pelas sombras malignas que desejam o fim dos homens, quem sabe o próprio Anaina estivesse ali entre elas, algo que não desejo saber; a dor em meu ombro, no mesmo locam que um fragmento da espada despedaçada por Exclalibur me atingira se apresentou ainda pior do que na ocasião e do sonho hostil e tenebroso, a imagem de Starwish se esvaiu pouco a pouco e foi substituída pela de Lilith, ela parecia entrar em combate contra mim pela simples força de seu olhar, como se batalhássemos com a visão do mundo em vez da espada; de repente algo chamou minha atenção, a cena se dissolveu e mi vi novamente num quarto de hospital observando pela janela aquele grande pássaro branco que havia me deixado dias atrás, este se destacava na copa de uma árvore fazendo-a parecer pequena diate dele enquanto bicava delicadamente as próprias penas, o Sol brilhou fora de minha visão, atrás das árvores, mas sua luz pareceu-me ser redirecionada e amplificada pelo pássaro, a ave ergueu a cabeça e o bico ao ar, como se preparasse para cantar, mas o que ouvi foi um lamento, como um choro de profunda tristeza, o pássaro pareceu hesitar por um segundo, o que me atraiu a dar um passo em sua direção, foi quando ele alçou voo e se foi, voou para o céu levando consigo não apenas a luz que redirecionava para mim, como também a última gota de paz que havia conseguido na companhia da garota. Da sensação veio o despertar do sono, do despertar veio o mal estar e a dor depois uma escuridão e o choro de Lilith, era como se ela estivesse sendo levada para longe de mim por pessoas que a seguravam e arrastavam sem poder fazer nada a respeito, me deixando sozinho, num quarto, num hospital; tentar levantar-me foi inútil pois estava amarrado a uma pesada cama de metal forrada de lençóis brancos, então a vi vindo até mim, era aquela mulher, Aquila, que disse:
– Acalma-te garoto, tiveste uma crise nervosa, por isto é que nos foste trazido…
Mas como noutro sonho que é empurrado para longe pela realidade, a imagem de Aquila, junto com sua forma estranha de falar, se desfez, mas dessa vez não deu lugar a figura de Lilith e sim a imagem de uma linda mulher de cabelos ruivos e jaleco branco de hospital, era Ágata, a médica que cuidou de mim no primeiro ano de minha estadia no sanatório – Me solte, quero me levantar, quero ir embora, por que estou amarrado? – perguntei aos gritos – Onde está a Lilith?
– Lilith?
– Se se referte a sua acompanhante, ela foi retirada deste quarto a pedido de sua mãe porque estava causando um grande tumultuo, dizendo coisas estranhas sobre um tal livro, eu não sei, mas já deve estar em casa.
– Então me solte daqui, quero sair também, quer ir embora! – insisti, mas a garota ruiva disse:
– Você não pode, ainda não posso te dar alta, precisará ficar em observação aqui comigo por alguns dias, por enquanto apenas descanse, esse seu machucado no ombro estava bem infeccionado e virei mais tarde pessoalmente para conversar sobre estes delírios que teve durante o sono!
A garota tirou uma caneta do bolso de seu paletó e escreveu algo na prancheta surrada que trazia nas mãos, em seguida se virou dando um breve sorris antes e saiu de meu quarto; pelo resto daquela tarde permaneci atado a cama e creio que não teria sido assim caso eu não houvesse me comportado de maneira tão agressiva, pois me encontrava absolutamente furioso com a situação que se desenrolava a minha frente: por trás das cortinas que escondiam meu leito dos outros vazios no mês mesmo quarto, conseguia ver as sombras de Ágata, minha tia e de uma terceira pessoa, que julguei ser meu primo a princípio, por claramente se tratar de um homem, mas depois fiquei sabendo que aquele não era outro senão o diretor do hospital, um tal Jean Marthim ou qualquer outra porcaria francesa assim (sim, eu estava muio irritado), digo isso porque me pareceu que ele estava carregando no R, assim como qualquer estereotipo relacionado descreve:
– Ele deve “perrrmanecerrr sobrrre” nossos cuidados, isso é muito imporrrtante, tanto parrra a saúde do paciente como parrra nossos estudos, jamais vi um devaneio tão elaborrrado assim, estou deverrras currrioso para saberrr como acaba!
Junto com as silhuetas dos três, alguns enfermeiros ou enfermeiras as vezes apareciam para trocarem palavras, as quais não chegavam até mim, e diante de tudo isso temi profundamente pelo meu futuro, será que fora isso que o súbito voo de uma ave branca vinda de dentro de minha alma para longe pressagiava?
Depois de horas de conversa das sombras andarilhas atrás da cortina, finalmente alguém véio até mim, Ágata, a médica se aproximava trazendo nas mãos uma seringa, um sedativo, pois certamente meus chamados (gritos) haviam passado dos limites – Sinto muito, foram ordens do diretor – me disse ela, como se tudo não passasse de uma maldita cena de filme, depois da picada vi se escurecendo a silhueta de uma garota ruiva se afastado com seus cabelos quase dançando ao ar, mas esta não se vestia de aço e sim de branco, observei hipnotizado enquanto perdia a consciência, o caminhar da moça desaparecer atrás de dois olhos que esvoaçavam no ar, eram enormes e amarelos e me fitavam com muito interesse… Não sei ao certo o aconteceu depois, devem haver se passando horas e já era noite quando vozes falaram ao meu redor e me despertaram por um segundo e, talvez fosse pelos efeitos do calmante que as palavras tenham se tornado fugidias ao meu entendimento, então não posso reproduzir neste relato o que de fato ocorreu com exatidão, mas disso, me lembro perfeitamente:
– Não conte com isso Ágata, o diretor não pode permitir que alguém como ele vá para casa apenas para comparecer a consultas particulares com você depois, todos nós ouvimos os delírios que ele repetia durante a febre, seria muita negligencia não interná-lo, ainda mais depois do que nos descreveu sua mãe!
– Com todo respeito doutor – se ergueu a voz da médica em oposição – a garota que estava ao lado do paciente, aquela que precisou ser retirada do quarto a força, me disse que o rapaz era um escritor, o que estamos interpretando como uma alucinação não era mais do que um sonho a respeito de suas criações, muitos emergem tão fundo em tuas próprias estórias que até chegam a sonhar com elas, esta é fonte de muitas das inspirações neste meio…
– Não tente falar bonito comigo garota, apenas faça seu trabalho – replicou a voz masculina.
– Que base temos para justificar o confinamento dele?
– Esta não é a primeira vez que ele é trazido aqui – respondeu meu acusador – na outra, retiramos até mesmo um fragmento de metal de sua ferida, talvez de alguma lâmina, e quando o rapaz acordou se pôs a gritar nomes estranhos e a falar palavras sem sentido algum, como se fosse um outro idioma…
– Nunca leu o Senhor dos Anéis? – gritou Ágata – muitos escritores criam idiomas próprios em suas obr…
MAS ACONTECE QUE NÃO É ESTE O CASO – gritou o outro ainda mais alto – a própria mãe do rapaz nos informou que ele dizia ver espíritos e dragões em toda parte, além disso, também falou que ele mau sabia escrever, como poderia escrever um livro?
– E nos contou também que seu filho sempre andou em más companhias, pessoas tão esquisitas como ela jamais tinha visto… ele sequer trabalhava, mesmo sendo tão velho nunca tivera um emprego e era muito violento, andava dando golpes nas coisas, você mesma viu como ele gritou e se debateu quando acordou, ao ponto de ser preciso sedá-lo!
– Mas doutor espere… não pode…
AGORA JÁ CHEGA – gritou novamente – Ágata não há o que mais possa ser feito, vá prepará-lo para a transferência, deveria me agradecer de tê-lo sob seus cuidados, poderá alimentar sua própria fantasia tanto quanto queira!
Depois disso, apenas acordei neste lugar, nesta depressão, e fui novamente recepcionado por Ágata e apresentado a minha nova morada. O destino porém, tem suas peculiaridades e Deus me permitiu provar a ela que tudo o que eu dizia involuntariamente não era mera invenção de um escritor, ainda que Ágata não pudesse conseguir minha liberdade, ao menos não sozinha. E já que eu estava num hospital psiquiátrico repleto de lunáticos verdadeiros, todos os outros médicos saíram correndo a atender uma emergência, parece que um dos pacientes havia atacado alguém, deixando apenas a moça em meu quarto, não haveria perigo algum para ela, afinal, eu permanecia preso a cama e ao som dos gritos de um combate travado no corredor, ela se aproximou com olhos ternos e piedosos, sorriu com compaixão e falou:
– Olá, como está se sentindo Vaniel?
Tão ruim quanto se poderia sentir ao acordar e perceber que os sonhos tidos antes de pessoas discutindo sobre minha internação eram de fato reais, mas me recusei a acreditar naquele momento, apenas me virei para o outro lado e tentei acordar deste pesado de todas as formas como poderia tentar, me debatendo, forçando as cintas que me prendiam, mordendo o próprio lábio…
– De nada adiantará fazer isso, são feitas especialmente para estes casos, para prender pessoas fortes as camas e pode ter certeza, não está sonhado, sinto muito que tenha que ser eu a lhe dizer, mas tudo o que está acontecendo agora é a mais pura realidade!
Ela deu a volta sobre minha cama com passos pesados até chegar aos meus pés e olhou atentamente a prancheta a minha frente, depois suspirou e disse mais uma vez:
– Não existem motivos para você estar aqui, ainda assim, estará aqui por um longo tempo Vaniel, por que não tentamos nos dar bem?
– Meu nome é Ágata, prazer em conhecê-lo oficialmente…
Não consegui dizer nada, apenas a escutei:
– Sua amiga… não sei o que eram um pro outro, embora seja claro que são muito próximos, me procurou após o término de meu expediente, parece que ela ficou aguardando escondida sem ser pega na saída do hospital, só para me contar que sua mãe e toda sua família mentiu quanto ao seu histórico médico, ela até me mostrou seus textos, os achei muito interessantes… você escreveu especialmente para ela, para a primeira noite que passaram juntos?
– E foi por isso que teve sonhos tao intensos… “ahh”, me desculpe, deve estar sendo difícil ouvir tudo isso, nessa situação tão absurda…
Ágata continuou se explicando e lamentando, mas mesmo que claramente percebesse alguma fraude na situação, ela jamais entenderia tudo o que eu havia passado, jamais compreenderia que não existia loucura, tampouco uma ficção de escritor, era tudo absolutamente real, ou será que ela saberia de alguma forma?
– Deveria se considerar com sorte por ter uma garota como aquela em sua vida Vaniel, as lágrimas que ela derramou em minha presença me fizeram querer…
Antes de terminar a frase ela se calou tão bruscamente que o ato chamou minha atenção, mas levou ainda mais algum tempo até que eu dirigisse meu olhar em sua direção, estava furioso e pensava em dizer coisas terríveis a ela, mas não o fiz, pois ao me virar e olhara para seu rosto, vi uma expressão de profundo terror e incredulidade estampada nele, Ágata tremia paralisada no lugar enquanto uma figura lentamente surgia presa ao seu redor. Um vulto vermelho, enrolado ao corpo da médica se tornou mais e mais visível, não se poderia descrever apropriadamente aquilo que surgia como uma serpente emplumada ou uma ave com características ofídicas, talvez e só talvez, fosse na verdade uma mistura entre ambas, feita no Leste, no Mundo Acima das Estrelas, estava tudo gravado nas páginas de meu livro, palavra por palavra e agora, Ágata também a contemplava enrolada em seu próprio corpo, mas a médica não acreditava no via, e quem acreditaria que um animal tão terrível como aquele de repente se materializaria a sua volta agarrando-a como uma serpente se enrolando numa presa como uma águia que desce dos céus?
– V-Van… V-Vaniel… !?
Foi tudo o que ela pôde dizer, estava paralisada pelos olhos da besta, eu mesmo já passei por isso, ao que parece os olhos desta serpente de fogo tem algum tipo de poder hipnótico sobre outros seres, quase como se um espírito maligno habitasse aquela carcaça de carne, mas se quer saber o que eu senti naquele momento ao vê-la tão impotente diante do monstro, o que senti foi alegria, alegria por poder dar fim à aquela coisa repugnante, ali, naquele momento!
– Fique calma, é apenas uma Ave de Fogo, um ser que vem daquele Outro Mundo que me ouviu falando enquanto dormia!
Assim que percebi que a ave não faria nada com ela, pois antes eu era sua presa, apenas respirei fundo e fechei os olhos por um instante, por um instante terrível em que ouvi Ágata chorando, até mesmo o som de seu corpo tremendo sob as garras da criatura era audível, eu precisava fazer algo e rápido, foi quando percebi que Ágata silenciou completamente, não por algum mau causado pela Ave de Fogo, mas sim devido a surpresa que era ainda maior, ao ver seu paciente saindo do próprio corpo para vir em seu auxílio caminhando velozmente em forma etérea; infelizmente nós estávamos a uma distância considerável então fora necessário me desligar completamente de meu corpo físico o que certamente me tornaria um alvo fácil, caso minha ação falhasse, o que não poderia acontecer!
Me pareceu que o tempo parou quanto saltei sobre a ave, por um instante a vi paralisada e indecisa a minha frente, pronta para ser golpeada e mandada para a morte, mas então, como um relógio que subitamente volta a funcionar, a ave se desvencilhou completamente de Ágata e saltou ao meu encontro, parece que estava tentando se agarrar a mim, aquilo foi perfeito, pois se eu realmente tivesse de empreender toda aquela distância, na atual condição humana e menor do que aquela de quando enfrentei Starwish, eu certamente teria evaporado em pleno ar sem conseguir realizar a tarefa de salvá-la; a própria ave havia me dando a oportunidade de golpeá-la abertamente, bem sobre seu bico, com um soco pude destruir completamente a arma dela e tive a satisfação de ouvi-la grunhir de dor, ainda que o som tenha roubado a consciência de Ágata, esta águia nunca mais seria capaz de comer mais nada e com a graça de Deus, morreria de fome!
Imediatamente após o golpe apaguei completamente, não sem antes dar uma rápida olhada em direção a garota caída ao chão salpicada de sangue vermelho, o sangue da ave. Não sei bem qual foi a explicação que ela deu ao seu superior pois Ágata jamais me disse, mas sei que foi extremamente difícil convencê-lo a deixá-la voltar ao meu quarto e demorou mais uma semana para que eu recobrasse a consciência novamente, tempo que passei da mesma forma que estava, amarrado a uma cama de hospital, até finalmente ser acordado por ela:
– V-Vaniel, meu Deus, que bom, que bom que acordou, te chamei por tantos dias que achei que nunca mais voltaria a si, achei que estava em coma, mas, mesmo assim, perecia apenas dormir, eu jamais vira uma inconsciência!
– Onde está a ave? – perguntei e ela me respondeu com tanta naturalidade que até me espantou:
– Não se preocupe, ela saiu se arrastando e sangrando, tenho certeza que morreu com os ferimentos que recebeu, e se não tiver morrido, sei que ela logo morrerá de fome!
Ágata compreendera que tudo era verdade, todo o meu livro era real, compreendeu que haviam outros mundos e outras criaturas ao nosso redor, que haviam anjos, que haviam demônios e que Deus a havia incumbido de me resgatar das consequências de meus atos.
– Por quanto tempo fiquei desacordado?
Ágata exitou por um momento, mas depois respondeu:
– Uma semana.
Tentei puxar os braços e me levantar mas fui impedido pelas malditas cintas mais uma vez.
– Preciso lhe contar uma coisa… – disse ela com tom muito sério – naquele dia, aquela… ave… ave do que mesmo?
– Águia de Fogo – respondi.
– Certo, aquela Águia de Fogo, ela me feriu com suas garras, não foi mais do que um simples arranhão, entretanto a culpa de meu ferimento foi atribuída a você quando me encontraram sagrando no chão… então sinto muito em dizer que, por não pode falar a verdade, pois doutra forma estaríamos ambos presos aqui, por minha omissão você foi considerado um paciente perigoso, então, não tenho ideia de quando será desamarrado dessa cama, sinto muito.
– Sei que não adianta nada, porém quero fazer o meu melhor para ajudá-lo no que puder, para passar por tudo isso e, também não sei quando e nem como, mas um dia, um dia prometo que te tirarei daqui Vaniel!


| NOTA 1 | WILLIAN LANE CRAIG – Filósofo, escritor e teólogo Cristão americano nascido em 23 de Agosto de 1949.

| NOTA 2 | MARY KAY BAXTER – Autora de A DIVINA REVELAÇÃO DO INFERNO e de outros livros.

| NOTA 3 | "MAGICAMENTE" – Não se trata apenas de uma figura de linguagem neste caso, pois realmente se trata de um processo tão inconcebível que, para explicá-la, apela-se até mesmo para a interferência alienígena em nosso “planeta”.

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COMO É O INFERNO?

Falar sobre o inferno simplesmente não deixa de ser um assunto interessante (bem… digo isso na falta de palavras mais “adequadas”…) este não é descrito unicamente na Bíblia Cristã, diversas outras religiões e mitologias ao redor do mundo possuem sua própria “versão” do inferno com particularidades e semelhanças que são notáveis. Contudo, este artigo não se destina a compará-lo nos mais diversos cenários, mas sim compartilhar alguns relatos escolhidos a dedo que são (a meu ver) bastante relevantes e/ou interessantes, portanto merecem, ao menos, serem conhecidos. Pintura portuguesa a óleo sobre madeira, datada entre 1510 e 1520, seu verdadeiro autor é desconhecido, mas teria sido encomendada e guardada no Convento de São Bento da Saúde. Eu recomendaria iniciarmos nossa viagem falando sobre o Inferno de Dante, porém, sobre isso acabei discorrendo num outro projeto aqui do Blog (e não pretendo revisar e “relançar” todo o texto), que basicamente é uma revista virtual sobre animes, games e c