Pular para o conteúdo principal

CAPÍTULO 19 – O REINO DE CRISTAL – QUARTA PARTE. (RASCUNHO)

Assim que a toquei, a lâmina me pareceu brilhar fracamente, em seguida surgiu um certo incomodo em meus olhos, de modo que mantê-los abertos se tornou impossível, mas antes de fechá-los olhei ao meu redor e tive a certeza de era o único a ver aquela luz fraca e de fechar os olhos, o brilho adentrou minha mente e imagens e sons formaram em minha cabeça, eram lembranças vistas por outros olhos que não os meus, tão breves e desconexas que não faziam sentido a principio, mas que montaram um quadro geral em meu entendimento:


CAPÍTULO 6 – AS VISÕES DE EXCALIBUR.

Há uma pequena cidade, ao Sul de São Paulo, escondida numa antiga terra de índios, de onde uma cachoeira brilhante fascina seus moradores; antes local de veneração de um povo erradicado, as águas claras são o que trazem o nome ao local, numa língua a muito esquecida. É neste lugar com tanta história que vive o único jovem que possui cabelos brancos que se te notícia, seu nome é Vaniel.
O rapaz vivia com seus avós e outros familiares, mas seus pais, seus verdadeiros pais, jazem esquecidos e apagados das lembranças; foi a muito tempo que um rapaz de cabelos escuros nasceu de um casamento arranjado e quando este veio ao mundo, seus pais desseram:
– “Essi menino vai sê dos Anjos”!
Serpa que fora este nome que despertou o interesse do rapaz (durante a adolescência) por Teologia e Angeologia?
O tempo passou novamente para o casal e seu filho e trouxe consigo uma filha que foi chamada de Myriandra, em homenagem a uma ancestral. A infância destas crianças se deu numa época sem smartfones ou computadores, até mesmo uma televisão em preto e branco ainda era um luxo para poucas pessoas, então os irmãos se divertiam como podiam e, em certos aspectos, até mais do que se tivessem toda a amaldiçoada tecnologia. Não fora porém, uma infância tão fácil assim, pois seus pais eram tão severos que talvez até fossem adeptos do pensamento que dizia que “crianças deveriam ser vistas, mas nunca ouvidas”, assim, quando o barulho da brincadeira das crianças chegava a um nível inaceitável para eles, o que para outras pessoas seria algo completamente normal de qualquer brincadeira de criança, as agressões eram distribuídas para ambos. Apesar da infância difícil, as coisas iam bem, então já na idade adulta, por volta de seus vinte e três ou vinte e quatro anos, o jovem de cabelos escuros partiu por um tempo para estudar os assuntos que tanto gostava e antes de ir, ele falou com sua irmã:
– “Irmã, eu precisu ir, porque o que me faz ir embora, é a voz que ouvi chamando o meu nome, parecia, no começu, até um pássaro cantando, uma voz vinda do céu, ela me chamou por cima de uma Bíblia, este é o meu chamado e vou atender!”
O rapaz passou quatro anos fora de casa e em sua ausência, Myriandra teve uma vida muito mais difícil, pois seu pai se tornou ainda mais duro, pois toda a fúria do pai, antes interceptada pelo irmão, sobrou apenas para ela!
Mas a moça não tinha para onde ir, pois naquele tempo, mesmo uma pessoa na idade próxima aos trinta anos ainda era vista como uma criança, quanto mais ela que nem chegava aos dezoito e pode ser que tenha sido de tanto ser expulsa de casa, em palavras e agressões, que Myriandra tenha tentado se aproximar de um jovem rapaz da cidade, provavelmente buscando estabilidade financeira para deixar a casa dos pais já que tratava-se do filho da família que possuía o único armazém que existia na cidade e este, sem saber “caiu na armadilha”. Não ficou claro se tal manobra foi executada de comum acordo com seu pai, ou se na realidade ele apenas se aproveitou da situação que se formou para obrigar um casamento entre os dois visando algum lucro final, fosse o que fosse, tal qual era costume naquele tempo antigo, uma indenização foi pedida, porém, o irônico, é que ao contrário das aparências, as coisas não iam tão bem assim para o armazém, e poucos meses depois suas portas foram fechadas, já não havia maneira de se pagar o débito, então o que restou a ser feito foi que ele e Myriandra se casassem e apenas alguns anos depois é que da relação de ambos nasceu um filho.
Finalmente o irmão de Myriandra retornou e encontrou uma família maior, e embora nada fosse a aparente, a situação desagradava a todos.
A influência da convivência com outra pessoa pode mudar ambas as partes; Myriandra que sempre viveu num ambiente hostil, estava também acostumada a hostilizar os outros, e isso certamente passou ao seu marido e as brigas do passado retornaram a vida da moça, de certo modo, considerando a lei de causa e efeito, uma consequência esperada do golpe aplicado, ainda assim, com o passar do tempo ela descobriu que realmente se importava como seu marido e seu filho, ela os amava de verdade; embora houvesse amor, as brigas o superavam, porém, apenas o filho, fruto da relação era tratado com amor e carinho; e bem próximo ao aniversario de três anos da criança, seus pais tiveram outra grande briga, tudo porque a criança, ainda sem saber falar, pedia para ir ao bar da praça da cidade comprar doces.
– “Ocê num tem dinheiro nenhum – gritou Myriandra – é um pobretão e num vai gastá um centavo com doce pra ele!”
Porém as coisas não estavam num patamar tão extremo como a garota colocara, e de sua parte, o pai ansiava por agradar seu filho, ainda mais por estarem no dia de seu aniversario, então ele simplesmente agarrou o garoto e saiu em seguida da discussão. Aquela foi a última vez que ela os viu, pois foram mortos por um caminhão desgovernado poucos minutos depois de saírem.
É claro que Myriandra se culpou pelo resto da vida pelo que fizera, e junto com a culpa, veio a amargura, entretanto, ela passou a não mais brigar ou hostilizar os outros ao seu redor e se tornou próxima de seu irmão novamente.
Apesar da tragédia, a vida continuou, e certo dia, o irmão de Myriandra apresentou a sua família uma linda garota de cabelos loiros:
– “Esta é Vanessa, ela têm ouvido os mesmo chamados que eu, as mesmas voz, é por isso que vamos casar.
Por um tempo, o rapaz deixou de dar atenção a irmã, e sem tal apoio, ela desmoronou novamente, por um tempo, ela fora deixada a mercê dos pais novamente. Tudo avançou rapidamente, como imagens de um filme que se adiante e Vanessa estava grávida, porém, sua irmã ainda desaprovava a garota, quem sabe por pura inveja, pois ambas eram o exato oposto uma da outra, Vanessa tinha cabelos tão dourados como o ouro e lisos como jamais se viu, a própria garota não conseguia dar forma alguma a eles, até mesmo os adornos que usasse para prendê-los pouco a puco escorriam e caiam deles, era uma linda mulher, de olhos azuis e muito alta.
– “O cabelo dela não tem cor nenhuma” – dizia a irmã – “nem corpo tem, deve vomitá toda hora nu banheiro escondida”!
Ela porém, cavou a própria cova com seus comentários e seu irmão não acreditou na infidelidade da esposa quando Myriandra a denunciou, não, ainda mais abominável que isso, o rapaz falou:
– “Acha que vô acreditá no cê?”
– “Ela é diferente, deu atenção real ao chamado que a gente teve, ela num faz o que eu e você fazemos!”
– “Nóis dois não importa – disse ela em reposta – toda vez que cê sai pra dá aula de teologia, ela tamém sai e encontra um rapaiz mais loiro do que ela mesma, num entende que ela tá te traíno?”
– “Irmã, essa conversa acabou, assim como eu e ocê!”
Irmão e irmã chegaram a levantar a mão um contra o outro na ocasião, ironicamente, o desenrolar de tudo faria como que seus pais deixassem de ser um problema quando Vanessa e seu marido se mudaram para sua própria casa, e quando seu filho nasceu, o pai soube que de alguma maneira, que esta criança tinha um destino grandioso e da mesma forma que seus pais fizeram, ele disse:
– “Quando nasci fui dedicado aos anjos, passei minha vida os estudando, dos mensageros até os Serafim, mais na vida, fiz o contrário, caí em pecados abominável, mais este menino, vai sê diferente de mim, vai subí até o céu em cima de nóis, e um dia, também vai sê um anjo, um mensagero.”
Por mais incrível que possa parecer lhe descobrir a existência de meus pais verdadeiros através de uma “espada mágica”, essa não foi a sensação que tive de forma alguma: as forças me faltaram, minhas pernas desfaleceram e desmoronei sobre o chão abaixo da mais fria chuva que já vi em minha vida e antes que meu vomito preenchido de sangue se diluísse com a água da chuva e que meu último dedo se soltasse de Kusanagi, vi ainda um jornal impresso nas mãos de um garotinho pequeno e de cabelos brancos, a manchete dizia:
DESAPARECIMENTOS INEXPLICÁVEIS EM CIDADE DO INTERIOR.”
Isso porém, pouco me importou naquele momento:
– T-tantas brigas, agressões… traições… estavam no passado de minha família… todo esse ódio me foi cobrado por causa da vida que levaram!
E Sunwish disse:
– Sinto muito em dizer-te, porém, é necessário que entendas tua situação: foram os pecados de teus familiares anteriores a ti que permitiram as palavras de Starwish lhe alcançarem, entretanto não os odei por isto… – ele custou a desentalar as palavras da garganta – há um propósito Divino a cada mal de tua vida!
Aquila agarrou e guardou sua espada novamente, caído ao chão com meu estômago dando voltas e voltas vi a chuva cessar e com ódio, falei:
– Não foi por raiva nem por dor da perda de meus pais, mas por vergonha de um passado tão sujo, tão sujo a ponto de me fazer pagar por seus erros, que me esconderam a verdade!

Comentários

RECOMENDADOS:

COMO É O INFERNO?

Falar sobre o inferno simplesmente não deixa de ser um assunto interessante (bem… digo isso na falta de palavras mais “adequadas”…) este não é descrito unicamente na Bíblia Cristã, diversas outras religiões e mitologias ao redor do mundo possuem sua própria “versão” do inferno com particularidades e semelhanças que são notáveis. Contudo, este artigo não se destina a compará-lo nos mais diversos cenários, mas sim compartilhar alguns relatos escolhidos a dedo que são (a meu ver) bastante relevantes e/ou interessantes, portanto merecem, ao menos, serem conhecidos. Pintura portuguesa a óleo sobre madeira, datada entre 1510 e 1520, seu verdadeiro autor é desconhecido, mas teria sido encomendada e guardada no Convento de São Bento da Saúde. Eu recomendaria iniciarmos nossa viagem falando sobre o Inferno de Dante, porém, sobre isso acabei discorrendo num outro projeto aqui do Blog (e não pretendo revisar e “relançar” todo o texto), que basicamente é uma revista virtual sobre animes, games e c