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CAPÍTULO 17 – O ESCOLHIDO. (RASCUNHO)

– Aquila, vocês conhecem tudo sobre mim, até mesmo o nome pelo qual aqueles que querem me atingir me chamam as vezes, mas como é que sabem tanto assim?
– Por acaso Sunwish andou perguntando sobre mim para minha família e amigos quando ele esteve em meu mundo?
Aquila me olhou como se eu fosse uma criança, depois falou:
– Sempre se pode olhar para baixo e ver o que ocorre nos mundos inferiores, foi dessa forma que conseguimos identificar a ação de Starwish sobre você…
Então me pus a olhar incansavelmente para o céu buscando ver o Mundo Escuro de que haviam, já que era possível dali observar outros mundos, será que eu conseguiria ver o que há no céu?
– Não seja tolo Snow, não se pode ver com os olhos o que ocorre acima do mundo, pois lá estão as estrelas, para nos guiar, mas não para nos revelar.
– Se Sunwish estivesse aqui diria que você faz perguntas demais, garoto… eu sei, eu sei, não é todo dia que se visita um outro mundo, é natural que queira saber o máximo possível e não seria justo privá-lo de respostas sobre aquilo lhe custou a vida.
– Façamos uma pausa no treino devido à curiosidade desmedida de Snow! – A voz de Sunwish ecoou pelo círculo formado por árvores negras e prédios brancos, me virei e o vi retornando para onde estávamos, e vinha trazendo algo em suas mãos, Nightwish também vinha caminhando ao seu lado como se o ajudasse a andar. Aquila e eu nos sentamos a sombra das árvores negras e ela imediatamente aceitou a comida que Sunwish trazia numa espécie de recipiente prateado, era mais uma vez aquele Pão Sangrento, que apensar de não ser ruim, não tinha bom aspecto o que me fez recordar imediatamente das comidas que tinha na Terra, minha memória até passeou brevemente pelas piadas de Batata, o que será que ele diria?
– Não poderíamos pedir uma pizza em vez de pães?
Ou qualquer coisa sem graça desse tipo, pensar nisso foi o que me fez recusar a comida de início, o que atraiu outro olhar mortal da garota loira que agora estava presente mexendo nos cabelos com delicadeza, será que se irritou por isso?
Ela então apenas respirou fundo, em seguida soltou um suspiro antes de agarrar Sunwish pelo braço e dizer:
– Sunwish, por que perdes teu tempo com semelhante parvo?
– Está claro que sequer entende a gravidade situação, não se preocupa com o próprio mundo, então por que te preocupares por ele?
– Deixe que Aquila cuide disto, afinal ela parece ter gostado muito dele!
Sunwish pareceu tão aborrecido com o comentário que imediatamente retomou seu braço e os cruzou de modo a se fechar para o que a garota dizia; o ato brusco produziu um som metálico que me lembrou da armadura pesada que ele usava; Nightwish por sua vez virou as costas e de apenas um passo, retornou para a casa, depois de alguns momentos em que estive olhando na direção que desaparecera, Sunwish pigarreou chamando minha atenção e disse também:
– Por favor, não te aborreças por ela Vaniel, pois Nightwish sofrera muito durante a vida e agora teme perder o que lhe é precioso!
Percebendo meu ceticismo, Aquila contou:
– Durante a guerra, o Norte usou criaturas inacabadas derivadas do DNA dos Antigos Dragões como armas; a criação de tais seres causou muito sofrimento a família de Nightwish, a participação da princesa Sibéria, sua irmã, na criação profana destas feras até mesmo se tornou pública e quando ela finalmente percebeu que o preço do que apoiava era alto demais já era tarde e os conflitos chegavam a um fim desastroso, todos os seus familiares foram mortos para apagar as provas, não fosse por Sunwish, ela não estaria viva.
Então Sunwish disse veementemente:
– Tens razão, os eventos recentes também pensam sobre ela; Aquila, permaneça aqui com Snow e tentes ensinar-lhe algo de útil enquanto vejo como Nightwish está.
Novamente a cena se repetiu, mas mesmo que já devesse estar acostumado à aquela visão surreal, afinal me encontrava em um mundo estranho acima das estrelas, custei mais uma vez a acreditar em meus olhos, pois, tal qual Nightwish, de um passo Sunwish desaparecera no ar indo em direção a sua casa, havia ido ver com a garota estava, enquanto Aquila e eu ficamos por alguns momentos num silêncio desconfortável, que acabei rompendo sem perceber quando pensei em voz alta:
– Mas afinal, por que ela está tão aborrecida com a situação?
– A todo momento sinto como se quisesse me atacar!
Aquila então me respondeu:
– Na verdade eu entendo seus motivos, apenas de não concordar; Sunwish irá te mandar de volta a Terra, para que troquem novamente seus lugares, é por isso que ele deseja que treine, para que seja capaz de derrotar Starwish…
E a tristeza subitamente brotou em seus olhos enquanto continuou:
– É quase certo que, ao mandá-lo de volta, isso consuma a vida de Sunwish, afinal, apenas foi possível fazê-lo antes devido a sua presença lá embaixo, você é a garantia da segurança ao deixar Nosso Mundo, e como não está mais lá, a passagem terá de ser aberta a força!
– Nightwish o odeia por isso, pois ela ama Sunwish e por sua causa, o mesmo pode morrer.
– Eu não entendo – falei – p que tenho de tão especial para que os mantenha vivos enquanto deixam sua tribulação em direção a Terra?
– Porque você é um dos escolhidos, Vaniel!
Disse ela em resposta, e prevendo minha dúvida, acrescentou:
– Não há nada de especial “em você como ser”, Snow, mas sim no Espírito que lhe é concedida pelo Criador!
– É algo muito além do poder gerador que todo humano possuí por herança…
– Poder gerador – perguntei – que todo humano possuí?
Então me lembrei:
– Chame de ki, chi, mediunidade ou de energia vital, “isso” é simplesmente o próprio poder de Deus que flui em nós, através de nossa alma, ainda que não estejamos propriamente em Sua presença, ou vontade, carregamos literalmente uma parte Dele em nossa existência.
Ao mesmo tempo, isso me despertou a impressão de que os habitantes deste mundo tem uma relação distante de Deus.
Muito se fala sobre isso dentro do meio religioso em geral, embora diversos nomes sejam usados para designa a mesma coisa e em casos opostos, o mesmo nome é usado para se referir a ideias diferentes; mas esteja ciente que Espirito/Unção/Benção, assim como suas contrapartes malignas: espírito/unção(demoníaca)/maldição, poder ser tanto herdadas, como passadas através de objetos, moda ou pessoas:

2 Reis 2: 14 - “Depois pegou na capa de Elias, voltou para a margem do Jordão e bateu na água com ela. ‘Onde está o Senhor Deus de Elias?’, exclamou ele. A corrente separou-se e Eliseu passou em seco para o outro lado”.

O Profeta, por exemplo, costumava fazer orações sobre lenços, depois estes eram enviados através dos correios, e testemunhos das bençãos obtidas através disso sempre retornavam. Algo ainda mais importante e que ignoramos a cada segundo de nossas vidas, é um fato de que “fomos feitos a imagem e semelhança de Deus”, e como tal, temos sobre a Terra (a exceção do próprio Senhor) o maior poder para Abençoar ou amaldiçoar (e este sim, é ainda maior que o do inimigo).
Enquanto pensava sobre o assunto, recordava também dos treinos na Terra e das histórias que ouvi do Sensei naquele dia:
– Na cidade em que morava antes, ainda com meus pais, tínhamos um pé de laranjas na frente de casa, de modo que este podia ser visto muito bem da rua por cima do muro e certo dia, uma garotinha (uma criança), após sair da escola, bateu no nosso portão e pediu algumas laranjas, quem a atendeu foi minha mãe, que disse:
– “Ainda estão verdes, mesmo que te dê assim, não vão ter um sabor muito bom, por que não volta daqui a alguns dias, quando estiverem maduras?”
– Até então não houve nada de mais nisso, a garotinha foi embora, com certeza, para seguir o combinado, pensamos nós; mas a grande surpresa foi acordar no dia seguinte e encontrar a laranjeira morta e já seca, com todas as laranjas caídas ao chão!
– Talvez pelo exercício de palavras de caráter amaldiçoador, quem sabe por parte de alguém da família da criança, quando ela relatou “que não quiseram lhe dar fruta alguma”, mas não estou acusando ninguém, senão apena chamando atenção para a “esquisiteza” da situação!
Outros de nós tinham histórias semelhante para contar na mesma aula e Patrício foi o próximo:
– Também sou como você, Sensei, também não acredito que tenha sido por algo que alguém tenha dito, com certeza, a árvore já estava morta a dias e ninguém percebeu, só que… vivi algo muito curioso certa vez: minha mãe trabalhava como empregada doméstica quando minha irmã e eu eramos bem pequenos e em seu último dia numa das residências, ela acabou discutindo com sua patroa, na verdade, nem sei bem o porquê… o que sei são apenas as palavras exatas que minha mãe disse: “Deus nos mostrará quem de nós está certa. Se neste caso, a errada for eu mesma, Ele há de mandar uma doença para minha família, mas caso o contrário, esta recairá em tua família!”
– Bem, no dia seguinte, minha mãe acordou normalmente e se levantou para fazer o café da manha, mas encontrou minha irmã menor já de pé e andando “sem rumo” pela casa. Acontece que ela teve algum tipo de amnésia, não se lembrava de minha mãe, tampouco de mim e também se queixou de fortes dores de cabeça, foi muito difícil mantê-la em casa, pois queria fugir de nós, achava que eramos estranhos e tinha medo, mais inexplicável foi que, depois de algumas horas, aquilo passou e nunca mais voltou.
Sensei falou:
– Nada tem mais peso em nossas vidas do que uma maldição lançada pelos próprios pais!
– É dessa forma que nós pagamos, não só pelos nossos pecados, mas também pelos de nossos antepassados, nossas palavras têm poder (por herança de Deus) e atraem sobre nossos descendentes as profecias que fazemos!
– As vezes vejo certos lideres religiosos dizendo na TV:“Eu vou profetizar…e isso e aquilo”. Mas a verdade é que isso não é o verdadeiro sentido de Profetizar, profetizamos para nossas vidas a cada segundo delas, através daquilo que falamos e que desejamos um para os outros, seja no íntimo de nossas casas com nossos familiares, seja na rua com os amigos e conhecidos. Quando se diz que “aquela pessoa não conseguirá fazer aquilo que se propõe a fazer”, já estamos jogando uma maldição na vida dela; assim também muitos se “auto-amaldiçoam” e tem suas vidas dominadas pelo fracasso e a frustração sem saber que são a própria causa destes males. Sem dúvida, um efeito inverso ao placebo, onde as boas palavras trazem benefícios, se é verdade que palavras de caráter negativo tem todo este “poder”, isso me faz pensar se se poderia mesmo chamar de mãe alguém que dedica a vida a tornar este fenômeno real para seu filho?
– Embora a “palavra falada” – dizia Sensei – seja o que realmente torna tudo uma realidade, a raiz (e parte mais importante) é o “desejar”, ou seja, a intenção proveniente de sua alma (sua parte do Criador) que ao fim do “processo”, é trazida a realidade através das palavras!
Existem estudos com usando elétrons, que são disparados através de duas aberturas, a fim de, atingir um alvo do outro lado; e aqui algo muito interessante que acontece: produzem-se efeitos diferentes quando o experimento é observado diretamente e quando não. Quando não observadas, estas partículas se comportam como ondas, produzindo múltiplos pontos de impacto no alvo; mas quando o teste é assistido por alguém apenas dois impactos distintos ocorrem. O motivo disso ocorrer provavelmente seja simplesmente que acontece aquilo que o observador faz acontecer!
Explicando melhor: qualquer um esperaria que as partículas viajassem em linha reta e atingissem dois pontos, um pra cada, e por se esperar por isso, acaba se impondo o desejo de que isso aconteça sobre elas, desejo este que se realiza meramente pela intenção do observador, mesmo que o efeito natural a ocorrer fosse supostamente diferente.
– Todos nós podemos afetar as pessoas e o mundo a nossa volta com nossas intenções, sejam elas boas ou más!

Lucas 17:6 - “Ele respondeu: ‘Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedecerá’.”

Gênesis 1:3 - “E disse Deus: Haja luz; e houve luz.”

– Entendemos então, que a fé é o combustível e o ato de falar é o selamento final que conclui todo o movimento.
É também por isso que “o sobrenatural” tem estado calado (inibido) nesta era, pois o natural é o que permeia o inconsciente coletivo de nosso mundo.
– Apenas isso não seria o suficiente – disse Aquila – pois este mundo atual está selado pelo Criador e apenas Ele poderia cruzar pelo selo, mas Ele não muda Suas próprias regras!
– Então se fez necessário alguém que também possuísse em sí o espírito do Criador, Sua compreensão, Sua Graça, contudo, alguém assim e que estivesse no seu dever não poderia ser tocado por nós, não se poderia romper a harmonia das leis criadores. Mas tudo seria diferente com alguém que de fato tivesse o favor dEle, mas que o desperdiçasse, uma pessoa assim poderia atrair as mais terríveis desgraças para si e para todo o seu mundo, entende o que estou dizendo Vaniel?
– Você foi escolhido não pela Dadiva que possuí, mas por ser tolo o bastante para não fazer nada com ela, por ter aberto com suas próprias mãos a porta para maldições!
Não havia mais chão sob meus pés, apenas um abismo em que mergulhei, tive em minhas mãos uma Graça imerecida e A joguei para longe de mim, vivi uma “vida normal” e afastada de Deus, mais do que meu próprio infortúnio, atraí a morte para a Terra. O conhecimento é literalmente uma chave, mas o que passa pela porta quando se ignora o que pode acontecer ao abri-la com negligência?

Isaías 5:13 - “Portanto o meu povo é levado cativo, por falta de entendimento…”


| NOTA 1 | Segundo as Escrituras, “paga-se até a quarta geração”. José do Egito, por exemplo, foi vendido por seus doze irmãos; uma geração dentro da Bíblia compreende cerca de trinta anos e sabemos que “os Hebreus estiveram (pagaram) por quatrocentos anos sob o julgo de Faraó”; este período de tempo é justamente o resultado da soma de doze gerações (cerca de trinta anos), uma para cada irmão de José. É preciso ressaltar aqui que mesmo sendo perdoado de um pecado, as consequências dele não nos são tiradas, e devemos suportar aquilo que nós mesmos nos impomos a sofrer.

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COMO É O INFERNO?

Falar sobre o inferno simplesmente não deixa de ser um assunto interessante (bem… digo isso na falta de palavras mais “adequadas”…) este não é descrito unicamente na Bíblia Cristã, diversas outras religiões e mitologias ao redor do mundo possuem sua própria “versão” do inferno com particularidades e semelhanças que são notáveis. Contudo, este artigo não se destina a compará-lo nos mais diversos cenários, mas sim compartilhar alguns relatos escolhidos a dedo que são (a meu ver) bastante relevantes e/ou interessantes, portanto merecem, ao menos, serem conhecidos. Pintura portuguesa a óleo sobre madeira, datada entre 1510 e 1520, seu verdadeiro autor é desconhecido, mas teria sido encomendada e guardada no Convento de São Bento da Saúde. Eu recomendaria iniciarmos nossa viagem falando sobre o Inferno de Dante, porém, sobre isso acabei discorrendo num outro projeto aqui do Blog (e não pretendo revisar e “relançar” todo o texto), que basicamente é uma revista virtual sobre animes, games e c