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CAPÍTULO 22 – O REINO DE CRISTAL – QUINTA PARTE. (RASCUNHO)

A luz do Sol Eterno preenchia toda a sala a nossa volta, as armaduras de Sunwish e de Aquila reluziam fortemente enquanto se colocavam entre mim e Nightwish, entretanto, por mais que brilhassem a minha frente, eram os cabelos louros da Portadora do Norte que mais ofuscavam minha visão, banhados pela luz intensa, eles pareciam até vivos, como se tivesse momento próprio, e mais e mais sua luz preenchia minha visão e me ofuscava, até que, da luz passei as trevas e a voz de Sunwish ecoou a minha volta:
– A tarefa a tua frente pertence a ti, e somente a ti, Vaniel, se não a completares, ninguém mais o libertará…
Foi com este eco se repetindo num looping interminável dentro de meus mais terríveis pesados, aos quais eram preenchidos pelo momento de minha morte, que acordei atado a uma cama, sob um teto do mais puro branco, o cheiro de látex e algodão se misturava ao das drogas no ar quando acordei num hospital e encarei a figura de uma garota ruiva tão parecida com Aquila que a princípio, acreditei se tratar dela:
– Encontramos essa lasca de metal dentro de seu ferimento, parece com um pedaço de uma lâmina, uma faca ou o que quer que seja, pode nos dizer como foi que isso foi parar dentro de seu ombro?
E como responder a esta pergunta?
Muitas de minhas lembranças sequer parecem ser minhas, se parecem muito mais com uma história que fora contada por outra pessoa:


CAPÍTULO 7 – O DESEJO DOS PORTADORES.

– Todo este Mundo fora subjugado, tudo está sob meu controle e não há nada mais a ser edificado ou destruído, sequer há luz suficiente para me alimentar.
Um assassino, um genocida, era isso o que ele era, porém, não fora forjado através da prática ou do treino e sim através do sofrimento de uma vida atribulada e amaldiçoada, a felicidade lhe fora tomada, a liberdade, destruída, tudo para que dentro do mais terrível dos carceres, uma criança pudesse receber a lâmina consciente do Oeste; um falso rei ilegítimo ao lado de uma rainha formada por aço e fogo, seu reino subia da morte e cobria tudo com cristais.
Sequer Kusanagi e espada do Sul, algoses de sua derrota no passado, foram páreo para a Excalibur renovada, entretanto, por capricho, Starwish não os matou, permitiu que fugissem do campo de batalha sem nada além de poucos ferimentos superficiais, afina, todo o mundo estava aos seus pés até os outros portadores eram meros servos a lhe distrair do vazio da morte, pois já não havia nenhum prazer em seu reinado, ninguém para desafiá-lo, poucos para sofrer sua cólera e ninguém para chorar e implorar por sua vida!
O brilho de Excalibur era tão intenso que sobrepujava todo um oceano de cristais coloridos refletindo a grandeza e o calor de um Sol Eterno e por isto, sua lâmina passou a mostrar-lhe algumas imagens refletidas em sua superficial, a princípios efêmeros e indistinguíveis, porém, pouco a pouco elas tomaram forma e lhe mostraram o vazio, um reino menor entretanto, havia ali, e formava um globo em meio ao gelo; ali incontáveis pessoas pequenas se matavam sem motivo algum e estas lhe pareceram uma boa distração, pois em sua visão ele assistiu os habitantes de uma ilha empunharem com honra, suas frágeis espadas e guerrearem uns contra os outros em servidão aos seus senhores, com disciplina e classe; Starwish viu neles a glória de uma nação que acreditava forjar a própria alma em formato visível e afiado, isso o agradou tanto, a ponto de querer oferecê-los a Excalibur.
Excitado com a visão de escravos tão dignos de ajoelharem perante a ele, Starwish fendeu o solo diante de si, o fio de sua lâmina cortou em meio aos cristais e atravessou o pó da terra; o golpe continuou se propagando pelo brilho de Excalibur e cruzou por distâncias que separavam mundos inteiros; através da terra sob seus pés o golpe desceu ao Oceano Subterrâneo e passou por entre as Estrelas; seu golpe desceu dos Céus Inferiores até atingir a Terra, e muito embora seu golpe tenha sofrido com a compensação do tempo, em nada se enfraqueceu, atingindo plenamente o mar muitas gerações depois da queda daqueles guerreiros que vira. O impacto sacudiu o solo abaixo da água com extrema violência, erguendo uma grande onda que se levantou sobre a pequena ilha, casas e carros foram consumidos, assim como os descendentes dos antigos guerreiros diante dos olhos de Starwish.
Por anos ele empunhou Excalibur sem mudar sua aparência, sem envelhecer, tanto tempo que lhe pareceu uma verdadeira lástima que o tempo houvesse lhe tirado aquela ilha gloriosa, então, em resposta ao seu pesar, uma vez mais a lâmina que repousava em sua mão lhe mostrou uma visão, surgiu a imagem de um garoto, atormentado por sua família (de acordo com os níveis do mundo em que vivia), tal qual o próprio portador, que poderia ser usado como uma ancora no tempo, para que este não fora perdido; Excalibur porém, não percebera que o pesar de seu refém não era por não poder mais conquistar aqueles guerreiros, e sim um luto pelas mortes de seus descendentes; cada vez mais os sentimentos de Starwish e sua espada se afastavam, até o ponto em que alguns pensamentos poderiam ser reservados a si mesmo, pois à arrogância do espírito maligno que habitava a espada considerava o garoto como um mero instrumento que já houvera sido subjugado; e foi com um misto de pesar e alegria ocultos que ele assistiu, através de Excalibur, todo o desenrolar da vida de garoto chamado Vaniel, pois percebera que este teria as dádivas necessários para arrancar-lhe das mãos a espada maldita, isto é, se ele pudesse pôr as coisas em movimento sem que sua espada soubesse; e assim, imitando-a, Starwish compartilhou sua visão com Kusanagi e sua companheira, lançou também um sonho ao portador do Sul, já que não conseguiu estabelecer vínculo algum com sua espada, tudo isto para traçarem um contra ataque em segredo, este era seu pedido de ajuda.
O Mundo Acima das Estrelas porém, permanecia selado e ninguém poderia sair dele para avisar ou preparar o que quer que fosse, entretanto, a vida tão curiosa daquele rapaz de cabelos brancos que ele assistia a pouco tempo, lhe dizia que Alguém conspirava para o salvar, então lhe sobreveio uma inspiração e esta dizia que não haveria oposição alguma a um objeto deixar a tribulação, então Starwish repassou sua ideia a Kusanagi.
Com o tempo as forças de Starwish diminuíram e ele silenciou, nada mais se poderia ver da Terra através de Kusanagi, sequer o próprio portador do Oeste era encontrado, então Sunwish se impacientou temendo que as coisas tivessem saído de seu curso e desobedeceu os sonhos que havia tido, se lançando ao mundo lá embaixo em forma etérea, para que pudesse movimentar com as próprias mãos o destino novamente. E este fora seu erro, o mesmo que lhe custou o resto de seus dias, porém com uma tarefa tão importante ainda a frente, se recusou a baixar a guarda permanecendo vivo unicamente pelo poder de sua vontade, sem sequer poder dormir ou apreciar a companhia de sua amada até que tudo estivesse terminado juntamente com sua vida!
Starwish viu a desobediência de seu rival com tristeza, pois almejava que quando tudo estivesse acabado, se é que acabaria ele lhe encontraria e se desculparia por ter sido o instrumento da destruição do mundo e agora, não mais teria esta chance, a única coisa que poderia fazer era esperar, esperar até que aquele humano descobrisse toda a natureza do universo e de Seu criador, Aquele que os assistia a ambos; até que o garoto desejasse uma prova Dele, para enfim dirigir suas maldições de novo a volta deste inocente, para tornar sua vida tão miserável quanto a sua e ofuscar o verdadeiro propósito dos homens através da raiva, revelando assim uma “ponte” desde seu inferno até a Terra, feita com a Herança Criadora de Vaniel, que este mesmo atirava ao lixo!


CAPÍTULO 8 – O COMBATE PELA SALVAÇÃO.

Como uma tempestade que não pode ser impedida, senão deve apenas ser suportada; as trevas então desceram e em sua queda foram alimentadas pelo Sol Negro, para então surgirem numa pequena praça e encobrirem até mesmo a luz do Sol, deixando tudo o que tocavam parado e sem vida, esta escuridão era diferente da noite, muito mais negra e quase viva, como se houvessem seres a arrastá-la pelo local, e diante dos olhos impotentes de dois rapazes, Starwish caminhou pela escuridão se revelando apenas num flash que rapidamente se esvaiu, uma espada reluzente se mostrou brevemente em seu punho, como se quisesse ser conhecida por suas vítimas antes de as abater. No escuro ele olhou primeiro para aquele humano a quem não conhecia, descalço e trajado de azul, então reconheceu o objeto que havia em sua mão e percebeu que, assim como ele mesmo, através da luz do objeto, o rapaz o olhava de volta, então Starwish falou:
– Isto me traz recordações, em tempos já esquecidos eu costumava temer esta lâmina, agora porém, mesmo tendo um novo portador, ela nada pode fazer, está desgastada e sua luz se abranda.
Em seguida se virou para Vaniel e perguntou:
– Como conseguiste retornar criança?
– Será que o fizera criando uma ponte entre Kusanagi e esta outra a minha frente?
Vaniel porém, nada respondera, pois tanto sua visão como os outros sentidos lhe houvera sido roubados pelas travas; Starwish caminhou em direção de ambos e acada passo o Sol, ligeiramente visível no baixo céu, embora sua luz fosse incapaz de penetrar o fundo da bolha de trevas, se ofuscava cada vez mais, e na verdade, o momento da tarde em que se encontravam, logo acabaria mesmo, dando lugar a noite, porém, ele se manteve imóvel no horizonte, como se se esforçasse para que sua visão penetrasse as trevas e o Astro pudesse assistir o desenrolar da cena escura la embaixo!
Tocando sua lâmina com a mão direita e estendendo a esquerda até o ombro de Vaniel, Sensei lhe permitiu ver Starwish claramente através da escuridão, era como se seus olhos subitamente tivesse ganhando duas lanternas que combatiam as trevas sem as dispersar, entretanto, os dois ainda eram terrivelmente oprimidos pelas trevas vivas; Vaniel e seu amigo encararam Starwish com um misto de medo e determinação, e quando o inimigo começou a caminhar na direção de ambos agitando levemente Excalibur, Sensei também sacou sua espada e ergueu no ar, se preparando para a batalha, então Starwish falou, porém se dirigindo a Vaniel:
– A troca ainda não fora completada, se eu tão somente lhe mantiver ocupado por tempo suficiente, pode até ser que se evapore no ar, seria uma visão bastante rara!
– Bem, então pode acontecer o mesmo com você! – respondeu Vanie, então Starwish riu-se e retrucou:
– Tens razão, porém, não serás assim, eu mesmo mandar-te-ei de volta ao Mundo que agora pertences, mesmo que tenha que atirá-lo com a força de meus braços daqui através do éter!
E voltando-se ao outro, falou:
– O melhor que podes fazer, portador da Terra, é me ajudar com isso, para que talvez eu o deixe vivo para brandir essa arma ridícula como um arauto de minha vontade!
Com o que pareceu aos dois nada mais que um simples passo, Starwish percorreu vários metros na direção dos dois e sacudiu tolamente Excalibur, o movimento fora tão sem sentido que Vaniel e seu Sensei simplesmente correram para lados opostos e saíram de seu caminho; Vaniel então se preparou para contra-atacar seu oponente rapidamente, porém, não o fez, pois a noite houvera caído sobre ele novamente, e se tornou ainda mais densa e pesada do que antes; ele tateou pelo escuro se perguntando como poderia ver seu oponente e temendo as consequências de não poder fazê-lo:
– S-se eu pudesse usar aquilo, será que minha alma poderia ver através dessa escuridão?
Sequer se saberia dizer se estava de olhos fechados ou abertos, diante disso não restava alternativa, a essa altura seu Sensei poderia até estar morto e ele poderia ser o próximo; Vaniel tentou se acalmar e se concentrar em realizar aquele truque mais uma vez, se conseguisse ao menos ver, ele teria uma chance, porém era impossível se concentrar o bastante com todo o terror que aquela escuridão inspirava, ele tentou com ainda mais força se concentrar, e tanto mais o terror lhe caiu, nessa hora ele chamou por Deus, de modo que conseguiu obter do ato alguma tranquilidade:
– Sim, sim, eu vi, um pequeno flash, mas eu vi!
Exclamou ele quando uma luz brilhou a alguns metros a sua frente; não era porém, seu esforço que havia dado frutos e evocado o Punho da Alma, não, o brilho que emanou fortemente antes de se esvair por completo havia vindo de um choque entre Excalibur e Zulfiqar, o brilho passou rapidamente por ele e tudo escureceu novamente, junto com a escuridão chegou até Vaniel o som do impacto do golpe que presenciara, em seguida o dia retornou mais uma vez e ele avistou Sensei golpeando Starwish com tamanha fúria como jamais havia visto, o Portador de Exaclibur entretanto apenas mantinha sua arma sem esforço algum entre a lâmina de seu atacante e ele mesmo, só que dessa vez além do súbito dia que retornava, faíscas voaram da espada do Sensei e caíram ao chão, permanecendo “acesas” mesmo após a escuridão ter voltado. Um terceiro golpe ocorreu só que o dia não surgiu em sua plenitude, dessa vez fora mais como um fim de tarde em que a luz diminui.
– A espada está perdendo a força, preciso me apressar e fazer algo, ele não pode enfrentar Starwish sozinho!
Seguindo a luz emitida pelas faíscas caídas ao chão, Vaniel correu em direção as duas silhuetas que agora se tornavam mais visíveis devido aos inúmeros fragmentos de metal brilhantes e chegou bem a tempo de ver Starwish preparando-se para atacar pela primeira vez; seu golpe desceu do alto como um raio e tamanha era sua velocidade que humano algum conseguiria se defender, no entanto, Sensei ergueu sua espada firmando a mão no dorco da lâmina para aparar o golpe, que fora tão violento a ponto de fazê-lo cair de joelhos com um tremendo impacto, e de lançar muito mais fraguamentos de metal para todos os lados; agora a praça jazia parcialmente iluminada pelas faíscas no chão. Starwish se posicionou novamente, de modo que sua armadura de metal negro rangeu quase de maneira imperceptível quando o fez, os fragmentos de aço no chão reluziram tanto que a cena seria mais do que visível a qualquer um; com a espada erguida preparando o segundo ataque os cabelos cinzentos de Starwish pareciam dourados como o ouro, a cena era exatamente a mesma dos sonhos de Vaniel, pois estava ali de pés um guerreiro louro, trajando uma armadura pesada e uma jaqueta a escondê-la sobre si; subitamente a percepção de uma pequena onda vermelha surgiu no ar, Vaniel não teve dúvidas e se lançou ao ataque a fim de salvar seu Sensei, avançou velozmente e “emendou” nos passos um mae geri que explodiu com toda força que o rapaz possuía no peito de Starwish; este porém sequer estremeceu e Vaniel se desequilibrou e quase caiu no chão; vendo seu oponente tão impotente, Starwish abaixou sua arma e quando os fez, seus cabelos se tornaram novamente escuros e pareceu a Vaniel que se mexiam, então Starwish falou com certo tom de tristeza nas palavas:
– Sei que não podes me deter sozinho, porém, não permitas que outros façam o trabalho que pertence a ti, não permita que eu tire a vida de teu amigo antes de usares o Punh…
Starwish subitamente se calou sem terminar o que estava dizendo e a profunda tristeza que demonstrava se esvaiu pouco a pouco, porém, a pausa foi o suficiente para que os únicos dois defensores de nosso mundo naquele momento se colocassem de pés e se afastassem do terrível inimigo.
Iluminados pela florescência que vinha do chão, eles se prepararam para o combate, Sensei ergueu sua lâmina trincada e apertou ambas as mãos em seu cabo com extrema forma; Vaniel ergueu os punhos e respirou profundamente, tentando se acalmar o máximo possível para elevar o nível de sua concentração; não havia como fugir, pois quanto mais se afastaram do inimigo, em direção as bordas da escuridão, mais esta se adensava, como se fosse uma parede invisível, a única forma de sobreviverem seria derrubar o portador de Excalibur; então, subitamente a luz dos fragmentos vacilou e lhes pareceram que estes estavam prestes a perder o combate contra as Trevas Verdadeiras, pois esta avançava do céu até eles milímetro a milímetro.
Starwish avançou empunhando sua arma formidável e vendo a agitação da escuridão eles souberam que desta vez seria um golpe de verdade, um que nem mesmo a espada desgastada que Sensei sempre conservou ao seu lado, de modo algum conseguiria conter o ataque; ambos seriam simplesmente cortados ao meio. Nem espada e nem seu mestre se recusaram a se entregar viesse o que viesse, então Sensei foi o primeiro a avançar sobre Starwish, e nem bem Vaniel vira a primeira onde se formado no ar, Sensei aparou o golpe do inimigo, atingindo não a lâmina, porém o cabo de Excalibur, poucos milímetros acima do punho de Starwish fortalecendo no processo a luz que subia do chão e a tarde se fez novamente no lugar. Então Vaniel posicionou sua base e preparou um soco, cujo alvo era nada menos que o queixo de Starwish; entretanto o objetivo não chegou a ser atingido, pois o punho de Vaniel encontrou a guarda de Starwish no meio do caminho, ele atingira seu antebraço que estava protegido pela armadura negra; o sangue então desceu vermelho pelo punho de Snow e pingou sobre os fraguamentos de metal no chão, criando um brave flase rubro entre ambos; então os dois humanos afastaram do guerreiro invencível de novo.
– É louvável o vosso esforço – disse Starwish – porém ridículo, se realmente fosse meu desejo, com um simples movimento destruiria toda esta cidade inferior que tanto protegem.
– Então nos mostre todo esse poder – respondeu Sensei – de que adianta morrermos nesta luta se nem sequer verei algo tão extraordinário com meus olhos?
– Mas o que está dizendo? – perguntou Vaniel.
– Hora, é verdade – respondeu Sensei – você visitou aquele outro mundo e viu coisas realmente sobrenaturais, mas eu não vi nada além desta escuridão demoníaca, como posso morrer sem ver os super-poderes desse homem?
– Se morrer sem ver isso me parecerá apenas que fui morto por um maluco qualquer que esteve sacudindo uma espada no meio de uma praça… seria uma manchete bem curiosa não acha?
Vaniel pareceu até um pouco confuso com as palavras, Starwish de sua parte, pareceu satisfeito em atender o pedido e deu dois passos com som de metal para trás, seus cabelos reluziram dourados e ele posicionou a espada com lâmina apontando para o lado oposto, se preparando para golpear, respirou fundo e num movimento extremamente rápido, avançou seu pé esquerdo e agarrou o cabo da espada com ambas as mãos, a fazendo cortar pelo ar em direção ao chão, o que causou apensar do espanto da coisa, nada além de um vento terrivelmente gélido; um segundo depois, quando os pensaram que nada mais aconteceria, o vento se tornou muito quente e ainda mais forte, acompanhado de um enorme estrondo que fizera o solo sob os pés de ambos tremer com tanta violência que atirou ao chão Vaniel e seu Sensei e eles caíram em direções opostas; uma grande nuvem de poeira se levantou e tudo ficou completamente escuro novamente, não pela vitória das trevas e sim pela nuvem que houvera subido com o impacto.
Desnorteados, eles se levantaram ainda perdidos e tossindo pela poeira; finalmente ela baixou e ambos contemplaram o estrago feito: o escuro havia se tornado mais forte, pois apenas poucos fragmentos de metal brilhante restavam como que de lados opostos de uma rua terrivelmente escura, até que perceberam, este que observavam não era o pavimento de uma rua e sim uma grande fenda que cortou de um lado ao outro a praça e a dividira em duas, se podia ver um fraco brilho de mais fragmentos de metal no fundo do buraco, e este tinha oito ou nove metros de profundidade.
– O golpe dele… fez isso…? – perguntou Vaniel quase incrédulo – ele pode fazer o mundo todo cair quando quiser, como poderíamos…
PARE COM ISSO SNOW! – gritou Sensei – vai passar toda a sua vida temendo agir e deixará que outros façam seu trabalho ou que ele faça o que quiser?
– A missão é sua, eu não posso terminá-la, ninguém pode a não ser você e… AGORA É HORA DE AGIR!
A luz subitamente retomou a luta e clareou um pouco mais o lugar do combate, porém, enfraquecida da batalha, aluz se parecia com a de um simples archote aceso no meio da noite; subitamente, Vaniel contemplou a luz no fundo da fenda e percebeu uma pequena trilha que se seguia para dentro da cidade, percebeu ele então que vários quarteirões haviam sido atingidos pelo ataque, se podia ver casas cortadas ao meio e árvores caídas no fundo da fenda e a raiva surgiu em sua mente.
Voltando os olhos de volta a “margem” esquerda do abismo onde estava o Sensei, ele viu Starwish caminhando calmamente em direção do rapaz rindo alucinadamente e sacudindo Excalibur no ar:
– Olhe só para isto, esperança, vós sois a esperança deste mundo?
– Veja como traspasso com minha lâmina teu mestre, verás que nada podes fazer para me deter, eu sou a morte, aqui será meu reino!
Diante dos olhos impotentes de Vaniel, ambos se colocaram em guarda, mantendo distância no início, e a voz ensandecida de Starwish descia ao abismo e retornava, trazendo um eco hediondo. O abismo tinha uma distância tal de cada uma das margens que nada poderia ser feito, Vaniel não conseguiria atravessá-lo para correr em auxílio de seu professor, nesse momento sua determinação anterior se tornou apenas em medo; de repente Excalibur fora agitada e procurou atingir se alvo, certamente, desta vez Vaniel não as vira, porém seu Sensei sim, certamente ele houvera visto a intenção do ataque inimigo, de que outra maneira um humano conseguiria se defender disto?
Como se houvesse se tornado um vulto azul na escuridão, o portador da Terra deu um passo para a direita que pareceu percorrer mais terreno do que seria possível, e puxando sua própria espada que houvera se demorado no movimento, ele avançou em direção do inimigo ao mesmo tempo que Excalibur atingia o ar no ponto em que Sensei estivera antes, ele então executou um pequeno giro trazendo assim sua espada na direção do flanco de Starwish; tal golpe poderia partir no meio a qualquer um, porém de nada adiantou pois fora detido na proteção da armadura de Starwish; Zulficar porém se partiu com um estalo que fora amplificado pelo abismo, seus fragmentos espalharam luz por toda o lugar trazendo o dia novamente; e por azar um dos estilhaços voou até o ombro de Vaniel e o feriu fundo, se enterrando em sua carne; o ferimento, embora profundo, não lhe causou tanta dor a ponto de derrubá-lo ou mesmo de desviar seus olhos do combate.
– Agora sequer tens uma espada em punho, não és mais digno de sujar a Rainha do Reino de Cristal com teu sangue, porém em respeito a vós, eu o matarei a maneira que tens combatido contra mim.
E soutou a mão esquerda de Excalibur num movimento que se transformou imediatamente numa cotovelada, que atingiu bem acima do coração do rapaz; a voz lhe faltou a expressão de dor e a força do golpe o fez voar por cima do largo abismo e cair próximo aos pés de Vaniel sofrendo muitos outros ferimentos com o impacto do solo.
O vencedor do combate já estava estabelecido, e ele ria tanto que lágrimas brilhavam iluminados pela fosforescência do metal no abismo; o som de sua risada pareceu combater a luz e o peso se instalou e nocauteou Vaniel, colocando-o de joelhos no solo, sem conseguir alcançar seu amigo que havia desaparecido na escuridão.
Sons de passos surgiram no escuro, e pode parecer estranho porém, fora apenas por se concentrar neles que Vaniel manteve a consciência, ainda que seu coração batesse tanto que lhe parecia que saltaria de seu peito, paralisado ele se apavorou quando percebeu que conseguia ver Starwish claramente, como se este estivesse a parte das trevas, então olhou e volta e percebeu com espanto ainda maior centenas de figuras negras deslizando de um lado para o outro assistindo com expectativa o combate.
– D-demônios…!?

EFÉSIOS 6:12 - “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.”

– Mesmo Starwish não passa de um peão – disse Vaniel ao ser, engolido pelas trevas e perder a consciência; havia perdido o combate e tudo estava acabado!
A luz do dia então voltou ao mundo, revelando uma pequena cidade cortada ao meio e cheia de escombros, casas destruídas e corpos banhados em sangue através do caminho percorrido pelo golpe de Starwish, não haviam mais opositores, ele estava livre para perambular pela Terra, ninguém o deteria.
Muito embora, com o tempo, ele houvesse se tornado um mortal por completo e estivesse vulnerável a qualquer arma que lhe pudesse ser disparada, Excalibur era forte o bastante para desdenhar de tudo o que há em nosso mundo e mantê-lo a salvo para brandi-la como desejava.
Por um tempo ele se misturou as pessoas do mundo aprendeu sobre nós, até se sentir entediado, em seguida escolheu três cidades da maior nação de nosso continente e ergueu em suas capitais monumentos de cristal vermelho com figuras de combate e triunfo mais altos do que os maiores prédios já vistos; depois atingiu o resto do mundo com erupções semelhantes à aquelas que fundaram o Reino de Cristal, matando milhares e espalhando campos inteiros de cristais semelhante ao das grandes estátuas, não ceifou porém, a vida do mundo todo dessa forma, senão apenas de poucos em pontos específicos da Terra. Starwish então assistiu as poderosas armas desse povo pequeno sendo disparadas por sobre mar e gele, e viu o mundo arder em chamas, num espetáculo de fogo e morte que muito o agradou.

BRANHAM, William Marrion – Mensagem: As Sete Eras da Igreja – A Era de Laodiceia – 11 de Dezembro de 1960 – Paragrafo 14: “A última e sétima visão foi aquela na qual ouvi a mais terrível explosão. Quando virei-me para olhar não vi nada mais senão escombros, crateras, e fumaça por sobre toda a terra da América.”
BRANHAM, William Marrion – Mensagem: Quem Dizeis Ser Este? - 27 de Dezembro de 1964 – Parágrafo 59: “E agora, sabemos. Estamos conscientes. A terra acabou de passar por grandes dores de parto. E a igreja está passando por dores de parto. Ela tinha de passar por dores de parto antes que pudesse dar… Cada um dos profetas, quando eles vieram ao mundo, foi uma dor de parto para a igreja. O mundo passou pela Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, e agora está pronto para uma Terceira Guerra Mundial. E está com dores de parto novamente. Mas há somente uma coisa que pode trazer paz, que é Cristo.”

SNOOOOOOOOW – se erguera a voz do Sensei, amplificada pelo abismo – para de sonhar, acorde e destrua Excalibur, DESTRUA ELA AGORA MESMO SNOW!
– O fim de tudo é, de fato, inevitável, o mundo chegará a tal destruição, mas não isso não precisa começar agora, se com tua força puder ganhar mais alguns dias que seja, seu dever é lutar por isso, DESTRUA EXCALIBUR!
As sombras ao redor dos três se agitaram e saltaram sobre Vaniel, entretanto, ainda que fosse esmagado ele se erguia, e enxergava Starwish perfeitamente mesmo sem haver mais luz alguma!
– Não há mais dúvida – exclamou Vaniel – terei de destruí-lo para que estes que agora dançam ao nosso redor, não venham a festejar com as desgraças que presenciei, não, hoje apenas uma alma que será levada por eles, a sua, STARWISH!!!
Se colocando de pés e reunido toda a sua força, Vaniel empurrou o chão abaixo de seus pés e com a mesma velocidade de um Elite, ele se dirigiu a Starwish sem se importar com nada, apenas visando seu alvo, seu inimigo, e ele o odiou por tê-lo feito assistir queda de dois Mundos!
Ondas vermelhas se formaram no ar desde a espada de Starwish e o coração de Vaniel, certamente uma repetição do que houvera acontecido na primeira vez que se enfrentaram, só que desta vez seria diferente!
Quando se aproximou do inimigo à distância de um golpe, Vaniel subitamente se abaixou e Excalibur cortou pelo vazio sob sua cabeça, tomado pela ira ele disse:
– Starwish, suas palavras não tem mais poder sobre mim, não mais você, mas eu… EU SOU A SUA MORTE!
Quem assistisse a cena veria admirado dois Vaniels surgindo no campo de batalha: um desvanecente e oblíquo, saltando para fora de si mesmo em direção ao inimigo; o outro sólido e estático, permanecendo apenas como uma base no chão. De punho direito ele golpeou na direção do coração do inimigo e naquele piscar de olhos que separava Starwish de seu fim, este sorriu e puxou Excalibur para a frente do punho de Vaniel, não com o fio de sua lâmina de forma ameaçadora, porém buscando defender-se com o dorso da mesma, expondo-a ao golpe derradeiro. Diante do Punho da Alma até mesmo a magnífica Excalibur nada significava, era como um frágil graveto, e fora atravessada pelo soco do rapaz, em partida em mil pedaços expulsando da matéria metálica um espirito maligno semelhante a uma águia que ardia em chamas; Excalubur fora destruída e a Fênix estava morta finalmente; em seguida o punho de Vaniel, ainda tomado pelo ódio, simplesmente se enterrou no peito de Starwish atravessando sua armadura facilmente. O chamado as Trevas também se desfez e como uma chuva de mil quilos, desceu do céu até as profundezas da Terra e atingiu a todos; Vaniel e Starwish caíram no chão como se estivessem mortos.
O Sol então transmitiu calor novamente no céu, Rodrigues fora o primeiro a despertar e conhecer o final da história, ele se aproximou do local do golpe final e contemplou o resultado: Vaniel estava desacordado no chão e seu ombro sangrava pois a ferida aumentara com o esforço anterior, olhando para o inimigo vencido, Sensei o achou consciente, e após ser chamado pelo nome, o mesmo respondeu;:
– Este não é o meu nome e sim um título, título este que já não me pertence. Eu jamais o desejei, jamais desejei ser escravo de Excalibur, ainda assim fui o responsável por bilhões de mortes, de um jeito ou de outro, minha necessidade era a de ser liberto desta maldição… o-obrigado… Snow!
O garoto louro então fechou os olhos para não mais os abrir na Terra, Sensei então correu os olhos com espanto pela praça e contemplou-a em perfeita ordem, era como se batalha alguma houvera ocorrido, o mundo jamais saberia que fora salvo de seu fim por um simples soco de um rapaz qualquer…

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COMO É O INFERNO?

Falar sobre o inferno simplesmente não deixa de ser um assunto interessante (bem… digo isso na falta de palavras mais “adequadas”…) este não é descrito unicamente na Bíblia Cristã, diversas outras religiões e mitologias ao redor do mundo possuem sua própria “versão” do inferno com particularidades e semelhanças que são notáveis. Contudo, este artigo não se destina a compará-lo nos mais diversos cenários, mas sim compartilhar alguns relatos escolhidos a dedo que são (a meu ver) bastante relevantes e/ou interessantes, portanto merecem, ao menos, serem conhecidos. Pintura portuguesa a óleo sobre madeira, datada entre 1510 e 1520, seu verdadeiro autor é desconhecido, mas teria sido encomendada e guardada no Convento de São Bento da Saúde. Eu recomendaria iniciarmos nossa viagem falando sobre o Inferno de Dante, porém, sobre isso acabei discorrendo num outro projeto aqui do Blog (e não pretendo revisar e “relançar” todo o texto), que basicamente é uma revista virtual sobre animes, games e c