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CAPÍTULO 21 – DE VOLTA A TERRA. (RASCUNHO)

– Será que eu realmente vivi tudo isso?
– Foi mesmo real?
Todas as lembranças que tenho a partir do momento em que adentrei pelo abismo do Oceano Celeste uma segunda vez são muito estranhas, como se houvessem alterado minha noção de tempo e tudo não passasse de um sonho fugidio que hora me parece tão breve, hora imensamente longo, não tenho mais certeza de nada exceto do terror das Trevas Verdadeiras e do frio que atingiu o éter a minha volta. Talvez o tempo tenha sido, de fato, compensado e é por isso que minhas lembranças se tornaram tão confusas: as vezes tenho certeza que vivi tudo aquilo, por mais surreal que tenha sido; outras porém, acredito que apenas ouvi uma história qualquer sobre uma terceira pessoa.
Mesmo que alguns anos possam ter se passado dentro do Oceano Celeste, devido a ligação entre mim e Starwish, ou mesmo, por alguma Providência Divina, não me pareceu ter se passado muito tempo nessa situação; e depois das trevas, veio o calor, calor e luz, de tal forma que começou a queimar a minha pele, foi então acordei, desorientado a princípio, mas finalmente me dei conta de que ainda estava sentando no mesmo banco, na mesma praça, em frente ao mesmo Dojo ao qual houvera treinado nos anos anteriores; eu estava na Terra e Starwish ainda não houvera chegado, mas logo ele viria até mim, esta era minha segunda e derradeira chance de impedir a criação de um segundo Reino de Cristal.
Por uns instantes me senti fraco, impotente, e logo, também impaciente, numa terrível expectativa desejando que tudo fosse realmente um sonho, até acreditando nisso, pois jamais houvera visto aquele lugar tão deserto e silencioso senão nas vésperas de algo sobrenatural acontecer ou nos meus piores pesadelos; meu temor apenas cresceu quando, assim como daquela vez em simplesmente fui morto por um “ser alienígena”, ouvi sons de passos as minhas costas e estes vinham desde o Dojo até o banco em que estava sendo, despertando lembranças de um mundo superior:
– Mesmo que não tenhas conseguido repetir o feito – disse Sunwish – isto é, mesmo que o Punho da Alma lhe tenha sido vedado por hora, ainda haverá um meio, no momento certo… e-Ele… virá a ti através das mãos que forem necessárias, e será “isto” que o levará a fazê-lo novamente, exatamente como tens de ser feito!
Nightwish de sua parte, continuava a me olhar com olhos de ódio enquanto Sunwish falava e sem motivo algum. Horas incontáveis depreendi treinando em frente as árvores negras, no Circulo da Mudança; aquela era minha última tarde no outro mundo, minha última chance de repetir a técnica, mas não importava com quanto força golpeasse, com quanta calma meditasse ou o quanto maldisse a mim mesmo, não fui capaz de repetir o golpe…
Então finalmente o Sol Eterno desceu dos céus e nós nos recolhemos para o descanso, para esperar que as horas trouxessem aquele que seria nosso último café da manha, juntos. Certamente não pude dormir, ainda haviam tantas dúvidas, tanto a treinar, pois não houvera conseguido realizar nada, absolutamente nada e em desespero, apenas observei o céu penumbroso e seu tom levemente arroxeado, este era imensamente mais alto que o nosso, não havia nem comparação, tão anto, tão distante como nós humanos estamos em nossa condição atual, do sobrenatural:
– Acho que sentirei muito mais saudade daqui do que sinto de minha própria casa… e apesar de minha decisão, será que eu deveria mesmo morrer por um mundo inferior dominando pela maldade, mentiras, assassinatos e tudo mais o que se pode esperar do maligno?
Cheguei a pensar que não seria um mal lugar para se viver até o fim de meus dias, e quem sabe no tempo que me restasse eu aprenderia realmente a técnica, também não teria que passar novamente pelo terror do combate contra um ser invencível; afinal aquele era um mundo quase idêntico ao nosso em vários aspectos, mais leve e mais rápido, ainda que até aparentasse ter sido esquecido por Deus, ou quem sabe, os homens é que O tenham abandonado em favor da violência e apenas colheram o fruto de sua iniquidade…
– Deus…!?
Meu único auxílio frente a um inimigo maior do que eu, frente ao cativeiro, a morte e a perdição do espírito; o sono poderia esperar mais um pouco, até o combate final ainda aguardaria minha chegada, então me levantei da cama, relutante e encarando o céu mais alto, ajoelhei-me como alguém condenado ao sofrimento e com lágrimas nos olhos orei:
– Senhor, perdoa-me se temo a tarefa a minha frente, não cabe a mim condenar o mundo se apenas com meu posicionamento posso salvá-lo.
– Senhor, perdoa-me por ter sido consumido pelo ódio, ódio este que direcionei a minha família e a tantos outros quando percebi neles a raiz de meus infortúnios.
– É certo que fora os erros destes que culminaram em meu sofrimento, mas fora também, justamente isto que me moldou, que fez de mim quem eu precisava ser: a morte de pai certamente fora necessária, pois vi o arrependimento em seus olhos antes do fim, antes que pudesse pecar novamente, bem como, sendo ele um teólogo de uma doutrina diferente, será que teria me deixado seguir este Profeta que pavimentou o caminho de minha missão?
– Mas agradeço-Te, Senhor, pela oportunidade de tê-los visto com meus próprios olhos minha mãe e meu pai, não foi por outra coisa senão pelo Teu desígnio que ela e meu pai se encontraram e assim eu pude vir a este mundo, também fora através dela que me deste um presente que carregarei até meu último dia!
– Agradeço-Te também pela maldade daqueles a minha volta, que me mostraram quem eu não queria ser; agradeço por ter sido odiado, para que eu não mais odeie.
– Agradeço-Te, Senhor, pela morte nas mãos de Starwish, para que eu soubesse o que é ferir ao próximo; para que eu pudesse receber os meios para combatê-lo, não para a morte, mas para garantir a vida de todos!
– Agradeço-Te, Senhor, pela Tua presença quando andei pelo Vale da Sombra da Morte, até aí, o Senhor esteve comigo.
– Todos estes eventos me trouxeram justamente a este momento, a hora em que poderei adiar as consequências dos erros de todos, dando-lhes mais tempo para se redimirem; a este momento em que poderei redimir meu próprio desdem e impedir que mal que atraí consuma a todos ainda cedo!
– Peço-Te, Senhor, humildemente, que guie-me a vitória, sei que terei de combater e sei também que isso vai contra Teus ensinamentos por intermédio de Teu filho Jesus, que nos orienta a oferecer a outra face; mas não posso me permitir oferecer minha outra face e junto dela a de todas as pessoas da Terra, pois em meio ao joio, ainda há o trigo!
– Dê-me forças, Senhor, dê-me a força em meus punhos para afastar a sombra do mal que se ergue trazendo consigo um Armagedom prematuro, pois sei que pela oração de Teus filhos, muitas das desgraças que poderiam ter sido, já foram evitadas ou adiadas!
– Por fim, peço também, Senhor, a força para suportar o castigo que virá sobre mim em seguida, por, assim como muitos reinos antes de mim, supor que minha luta é justificável, supor que o derramamento de sangue seja justificável por Ti!
– Amém!
Deitei-me outra vez na cama para descansar, mas as dúvidas quanto ao dia seguinte ainda me acometiam:
– Serei mesmo capaz de cumprir a tarefa?
– Sunwish me disse que para vencer Starwish precisarei usar o Punho da Alma, esta é a única maneira, mas não importa o quanto tenha tentado repetir o feito, só fui capaz de usá-lo uma vez…
– A técnica – me disse ele logo no início – nada mais é, do que a simples aplicação daquilo que já conheceste em teu treino na Terra, não terás problema em fazê-lo quando necessário, se conheceres o método.
Durante os anos de minha vida, sem saber, fui preparado para aquele momento, recebi toda a base necessária, a princípio no Boxe com meu parente e em seguida, vieram todos os anos que pratiquei o Karatê, mesmo com os ocasionais abandonos, nunca me afastei por completo, persisti até o momento em que finalmente conquistei a Faixa Preta, algo que, diante de tudo isso, de todas estas questões universais e espirituais, agora me parece tão pequena… Treinei com o Sensei por cerca de dez anos, o que também significa que ouvir por dez anos o seguinte:
-“Isso tudo, essas coisa de luta, é coisa do demônio”!
Fosse como fosse, continuei a treinar, até que enfim o tão aguardado dia do exame de graduação para Faixa Preta chegou. Sensei organizou até um pequeno evento, isto é, dentro de nossas precárias possibilidades, e para o tal ele até convidou antigos amigos das escolas anteriores pelas quais passou, tanto praticantes de Karatê como também de Jiu-jitsu; e diante da “pompa”, eu por minha vez convidei a todos quantos pude para assistir a cerimônia, meus amigos, como obviamente o Batata, Júlio, Pirulito e tantos outros da escola ou do basquete, ou mesmo alguns que passaram brevemente pelo Dojo; e também a minha família, num ato que me arrependi prontamente, pois ouvi uma vez mais de meus avós:
– “Isso tudo, essas coisa de luta, é coisa do demônio”!
– “Quando alguém pega espíritus, fica dando uns pulos igualzim você tava fazenu lá”!
E minha mãe acrescentou:
– “Cê nunka vai consegui fazê nada sozim nessa vida, toda hora tá chamanu gente pra te ajuda por quê num consegue nem lutá, cê é um inutiu”.
Diante disso, fiquei feliz por não ter tido oportunidade de convidar meu primo antes, apenas imagino o que ele teria disto, mas acho que não é mais tempo de reclamar dos parentes, esqueçamos isso. Quanto à Amanda, acreditei que ela nem precisaria ser convidada para o evento, pois levando em conta nossa relação, ela certamente estaria lá, embora tenha o feito formalmente é claro!
Então o dia chegou, o local do evento fora o mesmo de nossos treinos, até porque não haveria outra opção na cidade, exceto se cogitada a possibilidade de se alugar um local, o que não era possível para nenhum dos membros da escola, que além do mais, sequer cobrava mensalidade, então como se conseguiria isso?
Horas antes do horário previsto, Sensei, Patrício, eu e mais alguns alunos nos dirigimos ao Dojo para limpar e organizar tudo da melhor forma possível, o saco de pancadas precisaria brilhar por debaixo de toda aquela fita adesiva, as paredes teriam de ter as teias de aranham devidamente removidas para dar uma melhor aparência, o chão precisava ser limpo e encerado, em minha mente tudo teria de estar perfeito, pois seria um grande evento em minha vida, o maior de toda ela, como eu pensava, mal sabia eu que teria de salvar o mundo e este sim, seria um grande evento em minha vida!
Poucos instantes após havermos acabado a faxina, o que até mesmo deixou alguns cansados demais par participar do exame, as pessoas começaram a chegar ao Dojo e foram entrando e nos cumprimentando amigavelmente, eram praticantes de artes marciais também e usavam quimonos diferentes dos nossos, mais grossos, pesados e coloridos, cheios de anúncios e marcas famosas, então Sensei tomou a frente e fez algumas apresentações devidas de cada pessoa presente, em seguida anunciou o início do exame e prosseguiu como uma aula extremamente comum, sem nada de especial que eu pudesse relatar aqui, apenas iniciamos os aquecimentos, alongamentos, praticas de alguns movimentos e katás, até chegar o momento de fazermos também alguns combates, combates estes que foram realizados contra o pessoal que vinha de fora, como maneira de testar o que sabíamos parece que Sensei havia designado um lutador diferente para cada um de seus alunos, afinal que maneira seria melhor para se avaliar uma “luta” do que combatendo contra alguém que não se conhecesse?
Todos os alunos menores se saíram muito bem, o que apenas aumentou minha expectativa quando percebi que seria o último a participar da avaliação, logo após um acirrado combate travado pelo Sensei Patrício. O sentimento de medo misturado a empolgação cresceu quando vi quem seria meu adversário, era um rapaz de idade e altura bem próximas das minhas, ainda que aparentasse ter muito mais “corpo” do que eu ou mesmo que o Sensei; ele trajava um quimono branco, mas, extremamente grosso, mais parecia com uma lona de caminhão as mãos, me indicava de que estilo vinha, mas se se dispunha a participar de um combate de Karatê era óbvio que também sabia se virar em numa trocação, que também havia praticado o mesmo que nós, ou não ostentaria uma surrada faixa escura na cintura; os amigos o chamavam apenas de “Japa”, eu sei, eu sei, parece com algum esteriótipo racista ou coisa do tipo, mas o que quer que eu faça se era realmente assim que o chamavam e ele sequer se importava com isso?
Sem dúvida era uma piada com sua descendência oriental, e um fato que não ajudava muito era que se nome verdadeiro era tão demasiado confuso que se tornava impronunciável para nós, somado ao fato de que ninguém o repetiu uma segunda vez naquele exame, até hoje não sei como se chamava meu adversário… Ele aparentava ser um cara legal, pois me cumprimentou cordial e educadamente; e quando nos colocamos de pés um de frente para o outro no meio do Dojo e sobre os tatames, Sensei disse se dirigindo a ele:
– “Japa”, não se prenda só ao estilo da escola durante o combate, gostaria de ver como ele se sairia nessa situação!
Obrigado Sensei, meu nervosismo cresceu ainda mais com suas palavras!
Só que não houve tempo algum para protestar, pois se iniciava agora, com um rápido olhar aos espectadores antes do início deste combate, a Terceira Etapa de minha jornada, O Combate Pela Salvação do Mundo, então Sensei gritou:
– Hajimê!!!
O combate começou num ritmo bem lento, com troca de golpes bem tímidos, socos e chutes que eram bloqueados facilmente dos dois lados e isso se manteve até que percebi que meu adversário simplesmente bloqueava chutes baixos com a guarda de suas mãos, foi quando pensei em silêncio:
– Está sendo mais fácil do que imaginei, já sei muito bem seu ponto fraco!
Mas parece que, em resposta ao meu pensamento, meu adversário deu uma súbita guinada na situação, vindo para cima de mim num combate tão breve, porém, tão duro que pareceu durar por muito mais do que realmente foi: ele me agarrou num Clinch desferindo joelhadas dolorosas em minha direção, muito embora não tenha sido capaz de reagir bem a tempo quando fui “preso”, graças a isso fui capaz de bloquear adequadamente cada um dos golpes enquanto era empurrado violentamente para trás a vista dos espectadores. Era uma situação demasiadamente perigosa, pois sabia que a qualquer momento poderia ser atirado ao solo, onde tudo estaria completamente contra mim, eu não poderia continuar nem mais um instante assim, foi quando percebi que a joelhada seguinte viria com ainda mais potência, então, em sincronia a mesma, a bloqueei com uma guarda baixa e fechada para um possível contra-ataque, me aproximando mais ainda dele e me abaixando seguindo o recuo de sua perna, de modo a sair do Clinch de uma maneira tão “improvisada” que até mesmo meu adversário se surpreendeu com o feito. Sua hesitação me permitiu dar um passo atrás e me afastar, mas tão logo ganhei uma pequena distância, o combatente a minha frente voltou a cair em si, adiantando seu pé esquerdo e se preparando para me chutar com o direito; este foi o momento de minha virada, pois fora um golpe tão “telegrafado” que me permitiu reagir de acordo, executar uma defesa e prender a perna de meu oponente, em seguida ameacei investir com um belo chute na direção de seu rosto (mesmo prendendo a perna do mesmo), creio que ele deva ter até pensado naquele momento:
– O que mais deve esperar de um adversário que simplesmente escorregou para fora de um clinch como uma enguia japonesa?
O braço de meu oponente desceu de sua guarda instintivamente, mas não encontrou meu chute no caminho, pois houvera sido um blefe para o distrair de meu real objetivo, então investi na direção de seu rosto com um soco que simplesmente explodiu em seu rosto… bem, acho que se faz necessário aqui um breve comentário: esta situação não se tratava de uma luta real, era apenas o que chamávamos de treino de combate, ou seja, os golpes eram todos fortes o suficiente para serem sentidos pelo oponente, mas não eram reais, não tínhamos o objetivo de machucar um ao outro, portanto, nenhum golpe era realmente atingido no rosto, senão apenas o passávamos com força o mais próximo possível do rosto do adversário, de modo que as vezes alguns acidentes aconteciam e um golpe acaba atingindo seu alvo… Sua guarda subiu novamente em busca de meu golpe e desceu no vazio tentando se opor a um soco a muito recebido, o que me deu uma brecha para repetir o feito, uma, duas e três vezes até que meu adversário percebeu a situação e decidiu mudar de tática, ele encurtou rapidamente a distância que havia entre nós recolhendo sua perna, me desequilibrando parcialmente e me mostrou a que havia vindo, pois se desvencilhou de mim tão inexplicavelmente quanto eu mesmo havia feito momentos atrás, forçando sua perna a simplesmente descer até o chão quase me levando junto com a mesma. Como se não bastasse isso, quando dei por mim, eu simplesmente estava sendo arremessado por cima da cabeça de meu adversário sem saber quando e nem como, de algum modo, ele havia se abaixado tão velozmente e agarrado minha base e a retirado completamente, apenas percebi quando já era tarde demais e não tive tempo de fazer outra coisa se não me preparar para uma queda inevitável, ainda que ele mesmo tenha contido o movimento de modo que caímos suavemente sobre o tatame. Logo ele já havia saltado sobre mim, me prendendo ao chão e encaixou uma chave em meu braço, de modo a forçar meu ombro3; eu precisava sair daquilo, e prontamente, minhas mãos se encontraram palma com palma e meus braços se esticaram, de modo a desfazer o golpe, mas não foi uma defesa correta, ainda que tenha funcionado e em seguida, não pude ver mas senti meu braço ser agarrado a velocidade da luz, vi impotente meu adversário quase se levantar e trocar de lado e posição rapidamente, me puxando e pressionando minhas costas contra o chão, me lembro até mesmo de ter sentido o quimono do rapaz raspando contra meu braço e até deixando uma pequena queimadura, em seguida ele posicionou suas pernas sobre meu peito e pescoço, estava executando uma chave chamada de Arm-Lock, algo que já eu conhecia na verdade, mas que já estava quase se fechando, mas felizmente, fui capaz de impedir que seu pé que já havia passado sobre meu pescoço, de fato chegasse ao chão, impedindo também a conclusão do movimento e em seguida invertendo a posição de modo a me preparar para golpeá-lo de cima… Mas como tudo havia se tornado um pouco mais do que um “combate amistoso”, nossa concentração subitamente foi quebrada por gritos eufóricos, assobios e palmas, numa reação bastante exagerada da plateia, de tal modo que nós dois paramos para olhar em volta toda aquela algazarra; um pouco constrangidos, interrompemos o combate e nos levantamos, o mesmo me cumprimentou educadamente se curvando a minha frente, e só quando me estendeu a mão é que senti o cansaço dos movimentos realizados.
Não só aqueles que treinavam, mas também os familiares e alguns amigos de todos que ali estavam se encontravam aplaudindo o combate que se desenrolou a sua frente e que me garantiu a graduação na Faixa Preta; no meio da gritaria busquei entre os espectadores por meus amigos, família e por Amanda, para que tivesse plena certeza de que todos haviam me visto, naquele que fora meu melhor combate até então, com um enorme sorriso no rosto os procurei, mas não encontrei nenhum deles me assistindo… ninguém havia ido ver meu exame, mesmo que eu os tivesse convidado a cada um pessoalmente, sequer Amanda se importou, e apensar do barulho externo de tantas pessoas, meu coração estava solitário e em silêncio.
Aquele mesmo silêncio preenchia agora a penumbra do Mundo Acima das Estrelas e me anuncia a adversidade, o silêncio e o abandono precediam Starwish, foi assim da primeira vez e era assim agora, em silêncio deixe-me cair no sono finalmente.
No dia seguinte, me levantei e tomei o último banho naquele banheiro tão curioso, então desci e encontrei os três sentados a mesa e o café da manhã devidamente preparado e já sevido, mas não consegui comer nada na última manhã com meus anfitriões de um outro mundo, apenas fiquei ali sentado a mesa em sua companhia e calado, observando-os uma última vez e temendo as próximas horas, o próximo combate, até que Sunwish disse:
– Vaniel, lhe desejamos toda sorte hoje e não te preocupes, apenas repita o que fizera naquele dia e Starwish será mandado de volta para cá!
Palavras estranhas na verdade, mas quem conseguiria questionar o que quer que fosse quando se sabe que ainda naquele dia se enfrentaria alguém que já havia consumindo bilhões de vidas para alimentar uma espada nascida de uma Fênix demoníaca?
Assim como a própria Nightwish que também estava sentada a mesa, eu nada disse, apenas a contemplei uma última vez, e o que era realmente estranho é que seu olhar de ódio havia deixado de se dirigir a mim e agora encontrava o olhar maligno de Aquila, as duas se encaravam ferozmente. Depois de alguns minutos Aquila passou a ignorar Nightwish e falou comigo:
– Vaniel, sei que está preocupado com a situação em que se encontra e não desejo aborrecê-lo mas estou muito curiosa, como é fazer a passagem entre os dois mundos?
– Sunwish nunca se mostrou disposto a falar sobre isso, e quanto a outra pessoa aqui presente – a menção fez a garota ao lado se contorcer por um instante – que também já esteve no seu mundo, de nada adiantaria perguntar, sei que ela não me responderia!
Foi nesse momento, quando tentei explicar a Aquila o que havia visto, no que ela sempre me perguntava mais e mais dos detalhes da travessia, é que pus pela primeira vez em palavras toda a descrição que lhe apresentei no Capítulo 13, em seguida falei:
– Estive pensando sobre isso, e acho que seriam poucas pessoas, ou até nenhum, em meu mundo que suportariam tal coisa sem enlouquecer, sem o apoio de Deus não seria possível, disso tenho certeza!
– Mas se quer saber Aquila, agora que sei de que se trata, não terei medo de fazer a passagem, e acho também que estou realmente ansioso para ver novamente os cristais a minha volta, o Sol e a Lua abaixo de mim e toda aquela vasta paz…
Sunwish porém, me disse:
– Creio que desta vez não verás tais coisas!
– O que quer dizer? – Perguntei, e ele respondeu:
– Apenas fizeste uma passagem tão breve e consciente, porque esta subindo até aqui, a descida ao abismo porém, é súbita e caótica, provavelmente não te lembrarás dela depois, lhe parecerá que apenas passaste por uma porta, além disso, não estou certo do que vira realmente Snow.
Dividido entre decepcionado e até um aliviado, exclamei:
– Ao menos não terei de presenciar novamente aquela sombra, muito mais desagradável do que a que senti na presença de Starwish.
Nightiwsh então voltou seus olhos para mim e Sunwish falou:
– A visão de tal coisa pode ser uma explicação muito mais aceitável para o sonho que tiveste, por favor garoto, fala-nos de novo sobre esta escuridão.
– Durante uma das noites enquanto afundei – respondi – ou melhor, enquanto subi até aqui através do Mar Celeste, no momento em que a escuridão atingiu seu ápice, surgiu lá embaixo num ponto de “verdadeiras trevas”.
– Era uma escuridão tão densa e perfeita que era ainda mais negra do que a noite mais escura, era como…
– Um Sol Negro? – perguntou Sunwsih.
– Sim, ele se aproximou do ponto em que estaria perfeitamente abaixo de mim e ofuscou totalmente a escuridão natural ao meu redor, por um instante lembrou-me a presença de Starwish, mas era ainda pior pois, ao menos, me mantive consciente diante dele, mas aquela escuridão, era como a presença de um demônio, não, de centenas ou de milhares deles!
– O desespero que aquilo emanava pesou de tal forma sobre mim que me nocauteou durante muitas horas, até que o Sol Eterno me despertou novamente.
– Tens razão Vaniel – respondeu ele – o que vira naquele momento é muito pior do que Starwish, em verdade é aquilo que deve ter ordenado a Starwish para descer a Terra por meio de Excalibur; e é quase um milagre que tenha o visto mas não tenhas sido visto por eles, realmente tens o favor do Criador em tua missão!
– Viste a Cidade Negra, aquela que governa muitos mundos por detrás das sombras!
– Vós a conheceis através de vários nomes, entre eles: Shambala, Arcádia, Monte Olimpo, Nibiru, contudo, no incio ela fora chamada simplesmente de Torre de Babel.
As Trevas Verdadeiras que orbitaram sob meus pés, não eram um asteroide ou um tipo de planeta oculto, não existe nada como isso acima, no éter:
Gênesis 10:10 a 12: “No início o seu reino abrangia Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear. Dessa terra ele partiu, para a Assíria, onde fundou Níneve, Reobote-Ir, Calá e Resém, que fica entre Nínive e Calá, a grande cidade.”
De Babel, onde Ninrod fundou Calné, Resém permanece sobre a Terra:
Apócrifo de Jasher: “…enquanto à torre que os filhos dos homens edificaram, a terra abriu sua boca e tragou uma terça parte dela e fogo também desceu do céu e queimou outro terço e o outro terço foi deixado até este dia, e sua circunferência é de três dias de caminhada.”
É esta a cidade voadora que tem aparecido em relatos e pinturas desde a antiguidade dos homens, a mesma inserida por Jonathan Swift em As Viagens de Gulliver, escrito em 1726 e mais tarde, também avistada na Nigéria em 2011; é ela, a fonte das Verdadeiras Trevas que tanto despertam a ira de Deus:

Jeremias 51:53 - “Ainda que Babilônia subisse ao céu, e ainda que fortificasse a altura da sua fortaleza, contudo de Mim viriam destruidores sobre ela, diz o Senhor.”

 

Isaías 24:21 - “E será que naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da Terra sobre a terra.”
Isaías 26:5: - “Porque ele abate os que habitam no alto, na cidade elevada; humilha-a, humilha-a até ao chão, e derruba-a até ao pó.”

Apocalipse 8:8 - “E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar.”

Efésios 2:2 - “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;”
Efésios 6:12 - “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.”

Apocalipse 18:21 - “E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó (pedra de moinho), e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada.”

Embora Starwish fosse, de fato, meu inimigo e ameaçasse a Terra, ele não era nada diante disso, do maior desafio à vida humana. O clima ainda era extremamente pesado em nossa reunião final, todos olhavam cabisbaixos em direção aos talheres sobre a mesa em total silêncio; e foi com vagar e peso que Sunwish se levantou sem dizer nada e caminhou para o interior da residência, não restou dúvida, a hora havia chegado, mesmo que a situação parecesse tão nebulosa, ainda havia uma trabalho a ser feita, algo para o qual eu estava me preparando, não somente naquele mundo e naqueles poucos dias.
O dono da casa logo retornou, mas parecia muito cansado, Sunwish caminhava pesadamente, e dessa vez trazia uma caixa de metal prateado nas mãos, será que era ela a pesar tanto?
A caixa era lisa, brilhante e perfeita, com cantos arredondados; na tampa haviam símbolos desconhecidos ao redor da figura de uma ave vermelha envolta em chamas, o desenho, com certeza, era ela!
– Recuperamos isto do Leste pouco antes da criação do Reino de Cristal… – disse ele fazendo uma pequena pausa para recuperar o folego – aqui dentro está a chave que nos permitirá mandá-lo de volta!
Ele a pôs com cuidado sobre a mesa, imediatamente me inclinei sobre ela esperando ver como era a chave do portal de volta a Terra, então Sunwish abriu a caixa, puxou-a para fora e exibiu-a em frente ao meu nariz, era uma pena vermelha, uma simples pena, não uma chave como havia imaginado, considerando as palavras ditas, mas a pena me pareceu estranhamente familiar, e como num estalo, me lembrei da Águia de Fogo que me caçara e aos meus pais; mas olhando atentamente, seu tamanho era ainda maior do que as plumas da fera anterior, era uma das penas da Fênix original que descera no passado.
– A Fênix viera originalmente do Mundo da Luz, porquanto, não está preza a nossa tribulação, e é por intermédio do que restou dela que pude criar uma passagem para fora destra provação quando lhe contatei.
Disse Sunwish, e continuou a falar:
– Starwish por sua vez, o fizera através da própria Excalibur, porém, a lâmina em si, apensar de carregar a luz da fera, não tem autonomia para se mover, por isso precisou levar consigo um portador, assim ele buscou a ti Vaniel, mais especificamente, a tua herança como senhor do mundo recebida do Criador, que pôde ser usada para tal fim, devido a tu a desperdiçares.
– Por serem seus descendentes é que as Águias de Fogo podem deixar este mundo sem restrições.
– Em nosso caso porém, usaremos esta pena para criar a passagem até nossa ligação terrena, afim prolongar o tempo antes da queda definitiva de teu mundo, no momento em que o último de vós se posicionar…
Sunwish então sentou-se a mesa, parecendo muito cansado, de modo que Nightwish o aparou, enquanto Aquila continuou a falar:
– Depois de ter descoberto as intenções de Excalibur, Sunwish enviou sua espada para alguém do seu Mundo e este se tornou o novo portador, entretanto, assim é que podíamos te ver através de Kusanagi, mas a luz de nossas espadas se enfraqueceram pouco a pouco até que perdemos o contato.
– Foi por isso que precisamos encontrar outro meio descer até lá e ver com nossos próprios olhos, isto é, Sunwish o fez e percebeu em que momento estávamos.
– Espere Aquila – exclamei – há outra espada como a de vocês na Terra, com alguém, com um humano?
– Mas quem?
Sunwish riu-se e se levantando de novo, falou:
– És verdadeiramente lento Snow, minha antiga lâmina esteve a tua volta por anos e não foste capaz de reconhecê-la…
Nightwish era quem o houvera sustentado a se levantar e subitamente explodiu em furria, soutando-o, ela com gritou com tal violência que até seus cabelos me pareceram agitados:
– Esta criança nem ao menos percebera nossa ação a tua volta, É POR ALGUÉM TÃO DÉBIL QUE QUERES SACRIFICAR TUA VIDA SUNWISH???
– Não ficarei parada vendo isto acontecer, nem que eu mesma tenha que matar este pequeno ser de um mundo insignificante!
Nightwish parece se mover como um relâmpago e vinha em minha direção, certamente ela teria ela tomado minha vida; a mesa a nossa frente estremeceu e os talheres foram atirados ao chão, e fora Aquila quem se colocara entre nós, seus olhos com aspecto maligno reluziam refletindo o brilho de sua armadura, seus cabelos se moviam como se houvesse uma brisa que chamava a batalha no ar, ela então levou as mão a cintura em busca de Kusanagi, mas eis que o olhar de Aquila se encheu de espanto quando percebeu que sua espada não estava mais na bainha em seu cinto, rangendo os dentes ela voltou o olhar de volta a inimiga a sua frente e viu que Kusanagi era agora brandida por Nightwish, que a apontava em direção do coração de Aquila gritando:
NÃO TE ESQUEÇAS QUE EU SOU A VERDADEIRA PORTADORA DESTA LÂMINA!!!
– Apenas abdiquei dela pelo pedido de Sunwish, para estar ao lado dele, contudo, jamais lhe conferi título algum, é uma arma emprestada apenas, ela responde a mim e não a você!
– A matarei e a este garoto, não me importa nem um pouco as vidas de seres inferiores, prefiro que bilhões deles morram se com isso eu puder conservar a vida de Sunwish!
Sunwish então tomou a pena vermelha em mãos e assistido por todos, caminhou até mim tomando o lugar de Aquila entre mim e Nightwish, então falou:
– Natássia Ize, eu entendo o que sentes por mim, pois sinto o mesmo e faria qualquer coisa por ti, contudo, mesmo que o matasse aqui e condenasse as vidas daquele pequeno mundo lá de baixo, ainda assim não me salvaria…
Com um grande estalo, Kusanagi caiu ao chão, fazendo descer consigo uma lágrima que brilhou intensamente no rosto da linda garota enquanto Sunwish continuava a dizer:
– …já estou morto… desde o dia em que desci a Terra a fim de avisar Vaniel, lembra-te do sonho que tive?
– Deveríamos lançar uma de nossas lâminas na Terra e apenas ter fé no desenrolar da situação, porém, fui eu quem ficou impaciente quando perdemos o contado e achei que eu mesmo deveria me tornar a mão de Deus e cumprir tua vontade, então desci até lá… eu odiei Deus por isso, pela consequência de minha própria arrogância…
Nightwish então chorou profundamente, a visão dela se desfazendo em lágrimas roubou todas as minhas forças, sequer consegui contestar as palavras que ouvia e perguntar o motivo de tudo.
– Minha arrogância – disse Sunwish – fora o que custou minha vida, nenhum de nós pode deixar a tribulação, observe bem as ordens que recebi: enviar uma de nossas lâminas, não ir até lá pessoalmente.
Agora fora a vez de Aquila desmoronar e dizer aquilo que não pude:
– M-mas… Sunwish… não pode ser, todos nós estamos cumprindo a missão que nos foi dada, não há nada de errado com você, como pode dizer que já está morto?
– Apenas está cansado por ter deixado a tribulação através da pena de sua técnica, com o tempo melhorará!
– Aquila, sabe muito bem que é proibido deixar a tribulação – respondeu – Ele não muda Seu parecer…
NÃO É JUSTO, NÃO É CULPA SUA, É DELE! – gritou Aquila. Sunwish respondeu:
– O que aprendeste observando não apenas meu exemplo, como também o dos homens caídos da Terra?
– Não tentem me tirar este momento, o momento final de minha redenção, pois fora apenas para ele, que me mantive tão concentrado, fora para este momento que, por tanto tempo não permiti esvair minha consciência sequer para dormir, pois sabia que no momento que o fizesse, deixaria que minha última centelha de luz se extinguiria e eu morreria!
– Necessito fazê-lo, preciso mandar Vaniel a Terra com minhas próprias mãos, quero cumprir meu dever negligenciado…
Nightiwish subitamente encontrou forças, mas não abandonou seu pranto, ela se levantou e se jogou sobre Sunwish, o abraçou com tamanha força que Aquila e eu o vimos se incomodar com a dor do ato, certamente devido a condição frágil que se encontrava, mas, mas uma vez, a garota loura exclamou:
– Por que meu amor, por que continua a servi-Lo?
– Sempre defendeste o nome “deste Deus”, mesmo sofrendo o preconceito de todos e agora quando estivera apenas cumprindo Tua missão, tens de perder a vida, mald…
NATÁSSIA!!!
Gritou Sunwish, em seguida disse:
– Não cometa o mesmo erro que cometi, eu entendo o que sentes, pois já senti o mesmo – ele voltou seu olhar para mim – lembra-te de como lhe tratei por ódio aos Teus livros religiosos, Vaniel?
– É por nossa arrogância que sofremos, não pela vontade de Deus; achei que precisava ajudá-Lo, achei que Deus não seria capaz de cumprir a própria vontade por não ver as coisas se movendo para isto, veja como somos arrogantes!
Ele então retribuiu o abraço de Nightwish com igual intensidade e a beijou, depois ainda falou ofegante:
– S-sofri as consequências… as consequências, não por tentar subir aos céus, porém… também tentei ser semelhante ao Altíssimo… a-a minha maneira…

BRANHAM, William Marrion – Mensagem: Torre de Babel – 28 de Janeiro de 1958 – Paragrafo 77: “Mas vê você, como é no mundo, assim também é na igreja. Eles estão tentando construir algo. Deus não precisa da sua ajuda para construir o Seu reino. Deus simplesmente deseja que você pregue a Palavra. Ele fará a edificação. Ele é o Arquiteto. Ele tem os projetos colocados aqui.”
BRANHAM, William Marrion – Mensagem: Tentando Fazer um Serviço para Deus sem ser da Vontade de Deus – 27 de Novembro de 1965 – Paragrafo 294: “Note, note, ao fazê-lo, ele causou a morte de um homem sincero; colocando sua mão na arca quando não devia tê-lo feito. Um grande homem sincero, pensou que a unção e tudo estivesse certo, mas a arca estava se movendo em sua maneira incorreta. ‘Os bois’, diz a Bíblia, ‘tropeçaram’, não os levitas. Os bois tropeçaram e o carro estava virando; e um homem sincero com o coração cheio de amor, colocou a mão sobre a arca para segui-la, e foi ferido de morte porque ninguém podia tocar essa arca a não ser um levita. Está vendo como Deus mantém Sua Palavra, mantém Seu canal, mantém Sua ordem? Uzias foi ferido de lepra. Aqui está Davi, totalmente causou a morte de um homem, e um grande desastre; estando ungidos com o Espírito, ambos, porém fora do canal de Deus. Está certo? Ele morreu. Oh, isto deixou Davi morrendo de medo, ele chamou o – o nome do lugar, como o irmão Jack leu. Está vendo? Ele o marcou ali.”

Os estranhos passos me despertaram de minhas lembranças, o som aos poucos se aproximavam de mim, sentando naquele banco, vindos pelas minhas costas, mas então, notei que não fazia nenhum som de metal, ao contrário, eram pés descalços que se aproximavam, não era Starwish:
– Espero que esteja preparado para enfrentar Starwish desta vez Vaniel, não haverá uma terceira chance, se perdermos o combate desta vez todo este mundo será consumido por aquela espada!
Subitamente a voz inconfundível do Sensei pôde ser ouvida e estava vindo da mesma direção dos passos anteriores, então me virei e o vi ali, de pé e ciente de tudo o que estava acontecendo neste e no Mundo Acima das Estrelas, e além disso, estava vestido com seu costumeiro quimono azul e desgastado, olhei atentamente seus pés e confirmei que estava descalço, mesmo naquele chão irregular e cheio de pedras, também trazia consigo sua espada, como se estivesse preparado para um combate, em seguida ele me disse:
– Não se afobe, ainda faltam alguns minutos para que tudo aconteça definitivamente, enquanto isso, me conte, quanto tempo esteve lá, o que viu e como foi que te mandaram de volta?
Precisei recuperar o folego e erguer novamente o queixo antes de conseguir contar sobre minha estada no Mundo Acima das Estrelas ou mesmo de dizer qualquer palavra.


| NOTA 1 | HAJIMÊ – Do Japonês,“comecem”.

| NOTA 2 | “TELEGRAFAR” – Um tipo de “gíria” dentro das artes marciais, usada para quando o lutar executa uma técnica de tal modo que o adversário consiga percebê-la claramente antes de ser completada, ele estaria “mostrando” o que vai fazer a seguir.

| NOTA 3 | RESÉM – Do Hebraico, significa: “a ‘parte’ superior se levanta e continua”.

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COMO É O INFERNO?

Falar sobre o inferno simplesmente não deixa de ser um assunto interessante (bem… digo isso na falta de palavras mais “adequadas”…) este não é descrito unicamente na Bíblia Cristã, diversas outras religiões e mitologias ao redor do mundo possuem sua própria “versão” do inferno com particularidades e semelhanças que são notáveis. Contudo, este artigo não se destina a compará-lo nos mais diversos cenários, mas sim compartilhar alguns relatos escolhidos a dedo que são (a meu ver) bastante relevantes e/ou interessantes, portanto merecem, ao menos, serem conhecidos. Pintura portuguesa a óleo sobre madeira, datada entre 1510 e 1520, seu verdadeiro autor é desconhecido, mas teria sido encomendada e guardada no Convento de São Bento da Saúde. Eu recomendaria iniciarmos nossa viagem falando sobre o Inferno de Dante, porém, sobre isso acabei discorrendo num outro projeto aqui do Blog (e não pretendo revisar e “relançar” todo o texto), que basicamente é uma revista virtual sobre animes, games e c