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A VERDADE NUA E CRUA

“A Verdade saindo do poço” (“La Vérité sortant du puits”), Jean-Léon Gérôme, 1896. Museu Anne de Beaujeu, Moulins.


A Pintura acima (e também a pintura abaixo) estão ligadas a uma parábola a respeito da verdade e da mentira, contudo fontes confiáveis e concordantes quanto ao assunto não existem na rede, a maioria das matérias atribui que a parábola seja do século XIX, o que acho mais provável, devido as datas das pinturas, em outras fontes (acredito que por erro de digitação) encontramos, século XXI, ainda afirma-se que é de origem Judaica. Seja como for é uma excelente reflexão:

Certa vez, a Mentira e a Verdade se encontraram. A Mentira, dirigindo-se à Verdade, disse-lhe:

-“Bom dia, dona Verdade!”

Zelosa de seu caráter, a Verdade, ouvindo tal saudação, foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o céu, não haviam nuvens de chuva, os pássaros cantavam, não havia cheiro de fumaça na mata, tudo parecia perfeito.
Tendo se assegurado de que realmente era um bom dia, respondeu:

-“Bom dia, dona Mentira!”

_“Está muito calor hoje, não é mesmo”, disse a Mentira.

Realmente o dia estava quente demais. Desse modo, vendo que a mentira estava sendo sincera, relaxou e acabou por “baixar a guarda”. Por qual razão haveria de desconfiar, se a Mentira parecia tão cordial e “verdadeira”?
Diante do calor insuportável, a Mentira, num gesto de aparente amizade, convidou a Verdade para juntas banharem-se no rio.

Nota: Algumas versões dizem que foram se banhar num poço, ou uma fonte, tal qual a pintura.

Como não havia mais ninguém por perto, a Mentira despiu-se de suas vestes, pulou na água (ou no poço) e, dirigindo-se à Verdade, disse-lhe, veementemente:

- “Vem, dona Verdade, a água está uma delícia, simplesmente maravilhosa.”

O convite parecia irrecusável. Assim sendo, dona Verdade, sem duvidar da Mentira, despiu-se de suas vestes, pulou na água e deu um mergulho.
Ao ver que a Verdade havia saltado na água, rapidamente a Mentira pulou para fora, em segundos, vestiu-se com as roupas da Verdade que estavam à margem e fugiu sorrateira.
Tendo suas roupas furtadas, a Verdade saiu da água e, por "ser a Verdade", recusou-se a vestir-se com as roupas da Mentira, deixadas para trás. Certa de sua pureza e inocência, nada tendo do que se envergonhar e não tendo outra opção que lhe fosse coerente, saiu nua a caminhar na rua em busca da Mentira.
Desde então, aos olhos das pessoas, ficou mais fácil aceitar a Mentira vestida com as roupas da Verdade do que aceitar "a Verdade nua e crua".


“A Verdade saindo do poço”, Édouard Debat-Ponsan, 1898. Museu do Hôtel de ville (Prefeitura), Amboise.

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